O processamento da polpa, além de possibilitar o uso de frutos sem aparência para o mercado, contribui para agregar valor à produção
O processamento da polpa, além de possibilitar o uso de frutos sem aparência para o mercado, contribui para agregar valor à produção | Foto: Gina Mardones



O cultivo de maracujá garante uma renda superior a R$ 30 mil ao ano, ou R$ 2,5 mil ao mês, em uma área de um quarto de hectare, em Santo Antônio da Platina, no Norte Pioneiro. O exemplo de produção, acompanhada pelo Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), mostra que o mercado ainda tem como crescer, tanto para o produto in natura como para a polpa.

O gerente regional do Emater em Santo Antônio da Platina, Maurício Castro Alves, fez uma palestra para 100 produtores na cidade, na última quarta-feira, 15, para apresentar o modelo de produção. Ele diz que é comum a venda da caixa de 13 quilos do fruto a R$ 35 e que uma produção média na cultura é de 30 toneladas por hectare, o que representaria R$ 80,7 mil para a área. O Ceasa de Londrina ou a Ceagesp são os destinos principais.

Vale lembrar, contudo, que boa parte dos frutos não tem a aparência exigida no mercado e acabam nas indústrias de polpas, comuns no Paraná, mas que pagam menos pela caixa. Ainda, muitos agricultores preferem fazer e comercializar o extrato congelado do maracujá. "Também dá para procurar associações de produtores, como a de Carlópolis, e cooperativas como a de Ibaiti e a de Pinhalão, que fazem o comércio para o produtor", cita Alves.

O gerente do Emater afirma que o cultivo é trabalhoso e ideal para áreas menores devido à falta de mão de obra no campo. Por isso, exemplifica que um casal consegue cumprir todo o trabalho facilmente em um quarto de hectare, ou 2,4 mil metros quadrados. "Essa renda dá mais do que os 2,5 salários mínimos por mês que buscamos sempre para o produtor familiar", diz.

Com a redução das abelhas mamangavas na natureza cabe ao produtor realizar manualmente a polinização das flores do maracujazeiro
Com a redução das abelhas mamangavas na natureza cabe ao produtor realizar manualmente a polinização das flores do maracujazeiro | Foto: Léa Cunha/Embrapa Mandioca e Fruticultur



O processo mais difícil da cultura é a polinização, feita manualmente, planta por planta e dia a dia, para aumentar em até 30% a produtividade, explicou Alves. As flores se abrem por volta do meio-dia e se fecham às 14 horas, período em que os agricultores precisam fazer parte do trabalho das abelhas mamangavas, cuja presença na natureza tem se reduzido. "É uma cultura que casa bem com o café, que é colhido no inverno, quando o maracujá está parado, e com abacaxi, uva, goiaba, que são produções que temos muito na região", conta Alves.

PROCESSAMENTO
A indústria, por outro lado, tem trabalhado com capacidade ociosa de até 50%. A Cooperativa Agroindustrial de Produtores de Corumbataí do Sul e Região (Coaprocor), criada para prestar assistência aos produtores de café e maracujá da região de Corumbataí do Sul, que fica próximo a Campo Mourão, tem possibilidade de receber 2 milhões de quilos ao ano, mas espera fechar em 1 milhão em 2017. Ainda, vende 1,5 milhão de quilos in natura. "Estamos com 60 mil pés de 230 produtores, mas já tivemos 600 mil", afirma o primeiro secretário da Coaprocor, Olavo Aparecido Luciano. Ele estima que cabem 1,2 mil pés por hectare.

A virose atingiu a região há quatro anos e derrubou em 75% a produção na cooperativa no ano passado, que fechou em R$ 9 milhões de receita bruta e tem no maracujá o responsável por 70% dos ganhos. Os associados estão em um raio de 200 km da Coaprocor e começaram a adotar o modelo de produção de um ciclo, com muda grande e vazio sanitário, com a orientação do Emater e do Iapar. "O mercado é bom para trabalhar, mas de maio a junho o frio dificulta a germinação e é preciso ter uma indústria para vender polpa", diz Luciano, que fornece o produto para escolas estaduais também.