Apesar do controle, ainda há margem para redução do uso de agrotóxicos no Estado
Apesar do controle, ainda há margem para redução do uso de agrotóxicos no Estado | Foto: Arquivo FOLHA



O engenheiro agrônomo e diretor de defesa agropecuária da Adapar, Adriano Luiz Ceni Riesemberg, acredita que houve uma estabilização no uso de defensivos nos últimos três anos no Paraná. Além disso, ele ressalta que o Estado possui "o melhor serviço de controle no comércio de agrotóxicos do Brasil". "Quem diz isso é o Mapa e outros estados quando tratam do tema. Temos ações desde o registro dos comerciantes, cadastro dos produtos registrados no País, ação sobre a prescrição (recomendação) e sobre o uso propriamente dito. Pegamos toda essa gama de atividades para ofertar aos produtores defensivos que funcionam, que foram avaliados e testados quanto à segurança, à dosagem e ao período de carência."

De qualquer forma, ele não titubeia em dizer que ainda existe uma margem para a redução do uso de agrotóxicos no Estado. Para que isso aconteça, ele acredita no trabalho da assistência técnica junto aos produtores. "Temos safra o ano inteiro e um clima que muitas vezes favorece o desenvolvimento de pragas. Essa redução então depende muito da atuação dos agrônomos, o momento (ideal) de se fazer o uso de produtos que de fato são potencialmente perigosos, mas que numa agricultura de escala como é a do Paraná, é difícil se imaginar sem eles."

Riesemberg relata que ainda existem muitos profissionais que não estão a serviço do produtor, mas sim dos comerciantes. "Isso não se resolve com a caneta (referindo-se a multas), mas com a consciência do produtor, que procure um profissional que ele confie. Ainda vemos receitas sendo prescritas de forma irresponsável, sem base num diagnóstico real (da lavoura). Precisamos olhar a assistência técnica como um investimento."

Além disso, o engenheiro agrônomo também salienta que cada vez mais as empresas investem na criação de defensivos menos tóxicos, mais eficientes, e que o Paraná privilegia o cadastro de produtos com essas características, como acontece na agricultura orgânica. "Neste caso, damos inclusive prioridade no trâmite e cobramos um valor simbólico. Temos de pensar que o Paraná produz com qualidade e para certificar essa qualidade precisamos de um bom controle do que usamos de defensivos."

ANÁLISES
O diretor da Adapar também relata que os paranaenses estão longe do cenário de terror muitas vezes propagado – inclusive pela própria mídia – em relação à ingestão de agrotóxicos. "Sem querer minimizar um problema que de fato existe", complementa.

Ele destaca que quando se compara as análises do PARA (Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos), da Anvisa, as não conformidades (ou seja, produtos com resíduos acima do permitido) ficam entre 70% e 80% no Estado. Entretanto, os números da Adapar, com coletas de produtos dentro da porteira, as não conformidades ficaram com média de 16% a 18% nos últimos três anos. "A diferença acontece porque o PARA faz as coletas em supermercados e nos Ceasas, de produtos inclusive vindos de outros Estados."

Com isso, Riesemberg quer provar que o uso de agrotóxicos no Estado é diferente do restante do País e os resíduos bem menores para a população. "Coletamos apenas produtos daqui e não de outros Estados, nosso serviço é mais eficiente e os produtores estão num nível de atenção maior que no resto do Brasil", assegura.