Mesmo considerada um modelo de sustentabilidade, a logística reversa de embalagens de defensivos ainda enfrenta alguns gargalos, principalmente devido às condições inadequadas de infraestrutura e logística de armazenagem e transporte desses resíduos em determinadas regiões do País. De acordo com Paulo Aguiar, produtor e vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja), muitos agricultores têm dificuldades em escoar os seus resíduos.
No Mato Grosso, por exemplo, Aguiar sublinha que as grandes distâncias e a falta da coleta itinerante prejudicam o escoamento das embalagens. ''Há produtores que precisam se deslocar até 300 quilômetros para entregar os resíduos'', reclama o presidente da associação. Ele completa que quando chega o período de recolhimento, os centros de recebimento estão quase sempre lotados de embalagens.
Quando isso acontece, Aguiar explica que o produtor é obrigado a retornar para a propriedade com as embalagens, tendo que remarcar uma nova data para entrega. Por esse problema, o presidente destaca que os agricultores gastam muito dinheiro com a ampliação dos galpões para poderem armazenar esses produtos. Aguiar garante que o número de unidades de recebimentos não são suficientes para atender toda a demanda. ''É necessário construir mais'', enfatiza.
Aguiar completa que a logística é problemática e necessita de mais investimentos. ''O governo, com o apoio da Andef (Associação Nacional de Defesa Vegetal) e dos centros de distribuição devem investir na ampliação e construção de novas unidades'', completa. No Paraná, a situação já é diferente. O motivo é porque além do Estado ser menor em extensão de área, as unidades de recolhimento estão localizadas em pontos que abrangem todas as regiões do Estado.
Um modelo que mostra muito bem a eficiência do Paraná é a unidade de recebimento de Cambé. O centro atende 32 municípios da região e já retirou das lavouras desde o ano 2000, data de sua inauguração, 10 milhões de embalagens. De acordo com a Anpara, a logística reversa nessa unidade funciona porque o corpo da coleta itinerante é eficaz. (R.M.)