O banco genético armazena 976 espécies, só de amostras vegetais, com potencial de germinação e aptas para utilização em qualquer momento
O banco genético armazena 976 espécies, só de amostras vegetais, com potencial de germinação e aptas para utilização em qualquer momento | Foto: Embrapa/Divulgação



Quando se pensa nos desafios agronômicos para alimentar o mundo, as variantes são enormes: cultivares mais nutritivas, de alta produtividade, resistentes à pragas e doenças, tudo isso associado às preocupações ambientais, cada vez mais latentes na sociedade. Para fazer esse trabalho, sem dúvida, o investimento num banco genético – com amostras das mais variadas espécies - se tornou primordial entre os países, afinal, o trabalho de melhoramento genético constante é fundamental para atingir tais objetivos.

A Embrapa atua com a conservação das mais variadas espécies desde 1976, na sede de Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília, que conta com cópias de segurança de tudo que é trabalhado por suas unidades pelo País, uma espécie de "backup vivo". Em 2014, a instituição de pesquisa inaugurou um novo prédio, com um investimento R$ 13 milhões.

O novo espaço tem mais de 2 mil metros quadrados e a reportagem da FOLHA visitou o local esta semana. O banco genético armazena amostras a uma temperatura de 20ºC negativos, com um controle completo via software. Um total de 120 mil acessos de 976 espécies só de amostras vegetais, com potencial de germinação que precisa ficar acima de 85%, aptas para utilização em qualquer momento.

"Em termos mundiais somos uma referência em conservação de plantas, animais e microrganismos", diz o pesquisador Juliano Gomes Pádua
"Em termos mundiais somos uma referência em conservação de plantas, animais e microrganismos", diz o pesquisador Juliano Gomes Pádua | Foto: Victor Lopes



A capacidade total do banco é de incríveis dois milhões de acessos. Hoje , num trabalho de mais de 40 anos, apenas duas câmaras estão sendo utilizadas e há espaço para mais quatro delas. Também há a chamada criopreservação, a 196ºC negativos, com amostras de animais, vegetais e microrganismos. Somente o espaço destinado ao criobanco animal tem uma estrutura para oito criotanques, sendo que cada um deles tem capacidade armazenar 90 mil amostras, totalizando 720 mil.

Atualmente estão em utilização dois criotanques com capacidade para 180 mil amostras de raças brasileiras naturalizadas. "Hoje os bancos genéticos são uma tendência mundial. Antes os recursos genéticos eram tratados como um bem mundial, sem dono. Depois da Conferência da Biodiversidade, que surgiu na Eco 92, cada País ficou responsável por sua diversidade. O que o Brasil tem e traz de outros países é importante inclusive por uma questão estratégica, comercial e pagamentos de propriedade intelectual", explica o curador da coleção de base do Banco Genético da Embrapa, o pesquisador Juliano Gomes Pádua.

A movimentação do Banco Genético em Brasília é de oito mil testes de germinação por ano, sendo quatro mil acessos novos e quatro mil de monitoração dos que já estão armazenados. "Para fazer melhoramento genético, você precisa ter variabilidade e vai até o banco para buscar características que precisa, como uma planta com teor mais alto em proteína, resistente a doenças, etc. A ideia é pegar esses genes que conferem tais qualidades e incorporar num material que se está cultivando, fazendo cruzamentos e seleção de plantas".

Por fim, para o pesquisador, o Brasil está bem posicionado no trabalho com bancos genéticos, ficando "em 5º ou 6º" entre os maiores do mundo. "Temos uma capacidade gigante para crescer e em termos mundiais somos uma referência em conservação de plantas, animais e microrganismos. Sempre que conversamos com pesquisadores estrangeiros, eles elogiam muito nossa forma de trabalhar em rede no Brasil, de forma bem organizada".