Uberaba - Na pecuária moderna, o sistema de melhoramento genético tem proporcionado aos produtores bons resultados. Atualmente, 50% da produção mundial de embriões está centralizada no Brasil. O resultado dessa representatividade, segundo Heverato Carvalho, diretor da empresa Alta Genética, é a liderança que o País detém em qualidade de carcaça e índice de desempenho por animal. ''No gado Nelore, por exemplo, os benefícios do melhoramento é o que tem ajudado a tornar a pecuária brasileira uma das melhores do mundo'', reforça.
Segundo Carvalho, 95 milhões de fêmeas que estão em idade reprodutiva são inseminadas. ''Dessas, 73 milhões são voltadas para a produção de gado de corte''. Segundo o representante da empresa, apesar do número crescente do setor de inseminação artificial, os criadores ainda desconhecem as vantagens do sistema que, na opinião dele, é mais vantajoso do que a utilização de touro em pasto.
O diretor afirma um touro custa em torno de R$ 8 mil, tendo a capacidade de cobrir de 25 a 30 vacas. ''Se eu tiver um plantel de 300 vacas, por exemplo, será necessário 10 touros. Ou seja, só com o reprodutor, o criador pode gastar até R$ 80 mil''. Carvalho completa que depois de quatro anos, tempo do ciclo de reprodução do animal, o pecuarista terá que investir novamente em novos reprodutores para continuar o ciclo. Segundo ele, com o uso da inseminação artificial, o produtor gasta, em média, apenas R$ 30 mil para adquirir 1.600 doses no período de 4 anos ou 400 por ano. ''Além disso, o criador terá a certeza de ter adquirido um material genético de alta qualidade'', sublinha o diretor.
Carvalho acrescenta que com o uso da técnica, aliada a uma alimentação adequada, controle sanitário e um manejo correto do pasto, é possível aumentar a produtividade de uma área em até seis cabeças por hectare. ''Hoje, a ocupação dos pastos brasileiros não chega a 0,7 cabeças por ha'', sublinha. Ao todo, a central da Alta Genética, sediada em Uberlândia (MG) possui 237 animais. Só no ano passado, a central coletou 2,1 milhões de doses de sêmem. Para este ano, a previsão é coletar 2,7 milhões de doses. O diretor ressalva que, apesar do mercado crescente, o Brasil ainda tem muito o que crescer nessa área. ''Muitos criadores ainda desconhecem os benefícios dessa tecnologia, por isso é necessário divulgar cada vez mais a técnica'', completa.
Carvalho completa que ao contrário do que pensam os criadores, os custos para adesão da tecnologia são baixos. ''O pecuarista precisará investir em um curso para ensinar o funcionário a inseminar, que gira em torno de R$ 500. Outro investimento é a compra do botijão, que pode ser encontrado por R$ 1,5 mil''. O especialista destaca que no primeiro ano o criador deve gastar em torno de R$ 2 mil para inseminar 100 vacas. No segundo período, esse valor cai para R$ 1,5 mil, dependendo do sêmem utilizado.
Vantagens
Marcos Longas, gerente da área de pecuária de corte da Alta Genética, afirma que a melhoria da qualidade do rebanho é percebida geração após geração. ''Dependendo do tipo de alimento que é utilizado no gado, pode-se registrar um incremento de até 25% em precocidade e fertilidade'', explica. Além disso, a inseminação artificial, por meio do melhoramento genético, pode proporcionar maior incremento na área de lombo do animal, marmoreio (dependendo da raça) e um índice de abate em até 12 meses, como já foi registrado em algumas raças.
Por dia a Alta Genética coleta, cerca de 50 doses de sêmem. Luis Alfredo Garcia Deragol, gerente de produção da empresa, explica que cada ejaculação do animal é produzido 5 ml de sêmem, rendendo em torno de 300 doses.
* O repórter viajou para Uberaba a convite da Alta Genética