Fundação ABC está adaptando algoritmos para a recomendação de nitrogênio na lavoura
Fundação ABC está adaptando algoritmos para a recomendação de nitrogênio na lavoura | Foto: Shutterstock



Instituições de pesquisa públicas e privadas já estão trabalhando com drones com a ideia de levar aos produtores essa tecnologia de forma eficiente. Entretanto, percebe-se que ainda existem gargalos importantes na implementação da ferramenta, principalmente relacionado a custos e também concorrência com outras tecnologias, que hoje têm qualidade similar.

A Fundação ABC é uma instituição privada, sem fins lucrativos, que realiza pesquisa aplicada para desenvolver e adaptar novas ferramentas, com o objetivo de promover soluções tecnológicas para o agronegócio a mais de 4 mil produtores rurais filiados das cooperativas Frísia, Castrolanda e Capal, além dos agricultores contribuintes, como os da Coopagrícola (Ponta Grossa) e dos grupos Apta (Londrina) e BWJ (Formosa-GO). De forma simples, a Fundação busca a tecnologia no mercado e valida para que os produtores e cooperativas usem de forma mais aplicada.

O coordenador da área de mecanização agrícola e agricultura de precisão da entidade, Fabrício Povh, explica que a entidade tem testado os drones desde o surgimento deles no mercado nacional, em 2010. "O início foi bem básico e não era tão profissional. Muita gente com aeromodelo, câmeras comuns, aprendendo a voar. Isso foi evoluindo com novas tecnologias. Hoje está bem estabelecido e com bons produtos. Nossa preocupação agora é o que fazer com as imagens gerada pelos drones".

Como mostra imagem do ensaio feito pela instituição
Como mostra imagem do ensaio feito pela instituição



Novamente, um dos gargalos é a aplicação de algoritmos, modelos matemáticos, para desenvolver respostas eficientes. "Usamos mais sensores ópticos terrestres, como em motos e tratores. Hoje temos câmeras que conseguem fazer medições parecidas com essas imagens. A ideia é ter produtos mais elaborados do que simplesmente uma mancha no talhão. Estamos adaptando, por exemplo, alguns algoritmos para a recomendação de nitrogênio".

Outro gargalo ainda é o custo, que gira em torno de R$ 20 a R$ 30 por hectare por voo, sem a interpretação dos dados. "Um grande concorrente são as imagens de satélite, que estão melhorando e têm custo mais baixo. Hoje a definição de imagens para satélite ainda é de metros, enquanto dos drones, centímetros. Mas elas estão evoluindo muito rápido e podem se tornar uma concorrente forte para quem atua com drones".

De qualquer forma, na opinião de Povh, essas ferramentas de imagem aérea vieram para ficar, por tratar cada talhão com individualidade. "Cada talhão tem sua variabilidade, então qualquer ferramenta que ajude mapear isso veio para ficar. Temos o exemplo do mapa de colheita, que chegou na década de 1990 e está aí até hoje. A dificuldade ainda está em pegar essas imagens e transformar isso num produto que traga benefício real para o produtor". "Quando tivermos produtos realmente importantes para o produtor com uso de drones, as cooperativas e agricultores assimilarão isso muito rapidamente", complementa. (V.L.)