Nem mesmo o agronegócio passou imune aos problemas enfrentados pelo País em 2016. Se por um lado terá, de longe, o melhor desempenho na comparação com setores como comércio e indústria, fenômenos climáticos e a menor demanda interna causada pela crise econômica fizeram com que o Valor Bruto de Produção (VBP) ficasse 1,3% abaixo de 2015, com R$ 541,7 bilhões, de acordo com o último relatório da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Um dos líderes em eficiência no campo, o Paraná também não ficou incólume. Ora pela estiagem e pelo frio, ora pelo excesso de chuvas, houve quebra de 10% na produção de soja, de 20% na segunda safra de milho e de 19% no feijão, conforme o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab). Cenário em que o preço da ração disparou e afetou os produtores de proteína animal, que não puderam repassar os custos ao consumidor e tiveram de passar o ano com a margem de lucro apertada.

Veio 2017 e, como sempre ocorre no campo dia após dia, as expectativas se renovaram. Melhor ambientado pelo tamanho da crise econômica, com menos ameaça de intempéries e com previsão de valorização do dólar, a previsão na CNA é que o VBP nacional cresça 2,3% neste ano, para R$ 554,2 bilhões. A alta se baseia, principalmente, no aumento do faturamento das culturas de feijão (19,8%), algodão (15,1%), arroz (13,8%), milho (7,6%), frango (7,3%), laranja (7%) e soja (4,9%). Por outro lado, estima-se queda no VBP do trigo (17,6%), cacau (11,1%), café (6%), leite (4,6%) e carne bovina (0,5%).

Segundo o Deral, o desenvolvimento da soja ficou acima da média em grande parte do Estado, mas o economista Marcelo Garrido prefere não cravar previsões para o ano. Ele afirma que culturas que enfrentaram problemas, principalmente a de milho e a de feijão, tiveram aumento na área plantada.

Já na primeira safra, a diferença é de 18,1% e de 6,8%, respectivamente, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Por isso, a produção de toda a safra dos grãos deve ficar em 688,8 mil toneladas para o feijão (17,0% acima de 2015) e de 15,7 milhões de t para o milho (8,5%). "Se a produção for boa no geral, como se espera, pode ser que tenhamos preços menores lá na frente, principalmente para o milho. A soja já é um mercado melhor consolidado e pode sofrer menos, mas é cedo para falar", diz o economista do Deral.

AINDA COM LUCRO
O superintendente da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar) Robson Mafioletti afirma que o produtor rural enfrentou riscos climáticos, pressão pelo custo de insumos e crise econômica, mas não se pode dizer que o ano foi ruim. Ele considera que os preços dos produtos e a alta de exportações diminuíram parte das perdas, o que fez com que a grande maioria do setor de agronegócio terminasse com lucros menores, mas, ainda assim, no azul. "Sabíamos que era um ano desafiador para toda a sociedade e para empresas do setor e para as cooperativas não seria diferente", diz. "O que atenuou é que trabalhamos com alimentos, que são uma necessidade básica, e com o mercado exterior, então sofremos menos."