O uso de agrotóxicos é considerado alto no Paraná porque as empresas que trabalham com produtos agrícolas impõem aos agricultores a necessidade do uso intensivo de herbicidas e fertilizantes para que as lavouras atinjam o máximo de produtividade. A análise é do chefe de fiscalização de agrotóxicos da Secretaria de Agricultura do Estado (Seab), engenheiro agrônomo João Miguel Toledo Tosato.
Segundo ele, o modelo de comercialização, definido no meio agrícola como ''pacotão tecnológico'', não valoriza outras práticas de produção, que apesar da utilização de alta tecnologia, não tornam os agricultores tão dependentes de insumos químicos. Entre estas tecnologias, Tosato enumera a rotação de culturas, o manejo integrado de pragas, o controle biológico e a utilização de variedades resistentes ou tolerantes a pragas e doenças.
Ele justifica que ''as empresas agem com agressividade mercadológica sobre os agricultores e profissionais de agronomia, e contam ainda com a fraqueza do estado brasileiro e a desinformação dos consumidores''.
O engenheiro agrônomo da Seab diz que, por estes motivos, o Paraná consumiu 90 milhões de quilos/litros de agrotóxicos em suas lavouras somente no ano passado. Este ano, já foram foram consumidos 30 milhões de quilos/litros mas a quantidade maior ainda será consumida na safra de verão.
As culturas que mais usam agrotóxicos são a soja, com 47% do total, o milho com 11% e a cana-de-açúcar com 8%. O engenheiro agrônomo cita, por exemplo, que em função das regras impostas pelo mercado, a soja recebe sete aplicações de agrotóxicos em uma safra, sendo quatro de herbicidas, três para controle de pragas e outras duas aplicações para controle de fungos. E segundo ele, nem sempre há necessidade para tanto.
Tosato explica que o uso de agrotóxicos no Paraná é a alto quando comparado ao estado de Mato Grosso, por exemplo, que tem uma área territorial quatro vezes maior mas usa apenas duas vezes mais agrotóxicos que os agricultores paranaenses.
Ele atribui o consumo de agrotóxicos também à falta de conscientização dos agricultores. ''Infelizmente, com o abandono de práticas alternativas de controle de pragas, bem como o uso indiscriminado, tem favorecido a resistência das pragas aos agrotóxicos, o que faz crescer o seu uso'', justifica.
O engenheiro agrônomo diz que a Seab tem feito um trabalho para controlar o comércio e fiscalizar os estabelecimentos que vendem agrotóxicos, e ainda orienta os produtores, comerciantes e profissionais da área sobre ''suas respectivas responsabilidades''.