Empresa maringaense exporta em torno de seis mil toneladas por ano - 12% da produção nacional
Empresa maringaense exporta em torno de seis mil toneladas por ano - 12% da produção nacional | Foto: Shutterstock


De um complemento de renda na universidade ao maior exportador de mel do Brasil. A história do zootecnista e empresário Carlos Alberto Domingues é daquelas únicas, que não escutamos todos os dias. Quando começou a fazer faculdade na cidade de Maringá, em 1983, ele procurou uma alternativa para arcar com custos do seus estudos e viu na apicultura uma alternativa interessante.

Com algumas colmeias e muita vontade de produzir, começou a vender o mel dentro da universidade para alunos, professores, além da promoção de feiras do mel. Logo foi crescendo e quando se formou já estava com um volume grande de colmeias. A demanda era tão grande pelo produto do rapaz que ele começou a comprar de outros apicultores para envazar.

Chegou um momento que ele teve de escolher: ou seguia como produtor ou dava foco numa empresa para a comercialização. Nascia então, em 1994, a empresa Apiário Diamante com o nome fantasia 'Supermel'. Hoje a empresa maringaense é a maior exportadora de mel do Brasil, operando em torno de seis mil toneladas por ano - 12% da produção nacional - e exportando para países como Estados Unidos, Canadá, Austrália e União Europeia.

Domingues possui uma carteira atual de dois mil apicultores pelo Brasil que fornecem mel, sendo que em torno de 40% são do Paraná. Ele ainda conta com filiais no Ceará e Maranhão. Para ele, ainda há muito potencial para crescer. "A China é o maior produtor de mel do mundo, com 450 mil toneladas por ano. Só que o mel deles é convencional. Eles têm problemas com resíduos contaminantes e antibióticos, porque acabam aplicando nas colmeias devido a situações sérias de doença", explica.

No caso do Brasil, 80% a 90% do mel exportado é orgânico, foco claro do Apiário Diamante. "Não temos esse tipo de problema porque nossas abelhas são africanizadas, resistentes, então somos o maior produtor de mel orgânico do mundo. E o planeta quer esse mel. Temos um campo gigante para crescer, com grandes pastos apícolas. A apicultura ainda é muito rudimentar em muitos estados com potencial. Nossa produção ainda está concentrada na região Sul e também São Paulo, Minas Gerais, Piauí, Ceará, Maranhão e Bahia."

Em relação ao Paraná, ele relata que o grande desafio é dos apicultores lidarem com o glifosato. A aplicação do herbicida fundamental para a lavoura de soja acaba, muitas vezes, gerando resíduos no mel. O empresário explica que acontecem reuniões constantes com a Bayer (antiga Monsanto, e detentora da tecnologia) para solucionar esse problema. "Há países que aceitam uma determinada quantidade de resíduos. Nos EUA algumas empresas que aceitam até 40 ppb (partículas por bilhão) de glifosato. Em outros casos, enviamos o mel do nordeste, que não tem resíduo. Vale dizer que o mel da serra paranaense é sem resíduo e fantástico."

Para este ano, o empresário acredita que o apiário continue crescendo como na última década. Ele cita que hoje os países compradores estão pagando em torno de US$ 2,5 mil pela tonelada do mel. Vale dizer que alguns anos atrás esse valor chegou a US$ 4 mil. "Acredito que o grande desafio é que o novo governo faça o que todos nós estamos imaginando (pela economia). Se a nossa empresa aumentar entre 5% e 10%, já está ótimo. O mel do Brasil que eu obtiver praticamente está vendido." (V.L.)