A possibilidade de aumentar o processamento de alimentos e produtos agrícolas dentro das fronteiras nacionais, para aumentar a receita em toda a cadeia, não visa acabar com os embarques ao exterior de insumos. "Cada produto tem uma característica e não se pode fazer com que as exportações de bens primários percam a competitividade no mercado internacional, porque é o agronegócio que tem salvado o Brasil nas crises econômicas", diz o economista Roberto Zurcher, da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).
Ele afirma que o objetivo é apenas aumentar a cota de produtos processados que saem do País. Para a superintendente de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Alinne Oliveira, exportar commodities não é um problema. "Não é deixar de exportar produtos primários, porque englobam muita tecnologia e inovação, e isso não nos desqualifica. O que temos de fazer além disso é investir e tentar buscar benefícios junto ao governo para que se promova maior facilidade de fazer negócios dentro do Brasil."
Alinne aponta a necessidade de mudanças internas, como reforma tributária, investimentos em infraestrutura e criação de incentivos à produção. "Existe um custo operacional, o chamado Custo Brasil, que é muito alto e não é só para a agropecuária", cita.
Apesar da escalada tarifária apontada no estudo da CNA para reduzir a venda de produtos industrializados, o assessor técnico da Área de Inteligência Comercial da entidade, Pedro Netto, aponta ainda que há produtos rurais nacionais fortes no mercado internacional. "Quando se olha para todos os produtos do agronegócio, temos muitos que têm industrialização grande, como papel e celulose ou etanol."
O assessor da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) Gilson Martins afirma que a produção de milho e soja geram empregos, mas que é importante perceber como a indústria da carne de frango cresceu no Paraná. Ele explica que o Valor Bruto da Produção (VBP) no Estado é de R$ 25 bilhões em 12 meses até junho, bem acima do segundo colocado no País, Minas Gerais, com R$ 19 bilhões. "Isso é geração de valor e de empregos em nível local", diz. (F.G.)