Baixo volume de produção dificulta trabalho da indústria de processamento,  ociosidade tem sido de 50%
Baixo volume de produção dificulta trabalho da indústria de processamento, ociosidade tem sido de 50% | Foto: Fotos: Gina Mardones



Um termo de cooperação firmado entre o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e a Agroindustrial Vila Planalto, inaugurada em 2015 em Cruzeiro do Oeste, busca fomentar a produção de pupunha no Norte e Noroeste do Estado. Representantes dos dois órgãos assinaram o acordo no último dia 27 de janeiro, em Curitiba. A ideia é que a empresa compre toda a produção de produtores cadastrados no Emater, com garantia de preço mínimo.

A expectativa é que 200 mil mudas sejam plantadas ao ano, por produtores em um raio de 200 km da cidade. O convênio terá duração de três anos e o Emater disponibilizará um extensionista para dar orientação técnica para os produtores, de forma integrada à indústria. A fábrica tem 1 mil metros quadrados e capacidade instalada de processamento de 3 mil hastes ao dia, com objetivo de duplicar esse número em dois anos.

São 12 indústrias de processamento de palmito no Paraná, a maioria na região litorânea. Destas, três estão no Norte e Noroeste. O convênio abre espaço para processar mais de 150 hectares ao mês. Com irrigação, é possível ter cerca de 8 mil palmeiras em um hectare, com colheita de 5 mil hastes ao ano.

O coordenador de plantas potenciais, medicinais e aromáticas do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Cirino Corrêa Júnior, afirma que o convênio busca evitar a falta ou excesso de oferta do produto, para que todos tenham um preço justo. "A indústria vai fazer um contrato com o produtor, com prazo de entrega e preço acertado previamente, o que é bom para ambos."

Ele conta que, mesmo no Litoral, a ociosidade tem sido de 50% no setor. Além da falta de produtos, houve quebra de safra por conta de geadas no último ano no Sul e seca no Noroeste. A crise econômica, que diminui o consumo de itens considerados mais caros, também é um dos motivos.

DIFICULDADE
O proprietário da indústria Palmito Verde Norte, Sebastião Massaneiro, confirma a dificuldade em conseguir palmito. "Tenho capacidade de processar cerca de 1,2 mil hastes por dia, mas faço 2,3 mil por semana", diz.

Massaneiro tem 15 fornecedores fiéis na região. "Quando preciso, tenho de buscar palmito no Vale do Ribeira", conta. Para ele, o motivo da falta de palmito é que o produtor não quer esperar os 18 meses para fazer a primeira colheita, já que o dinheiro investido em soja, por exemplo, retorna em alguns meses. "Eles não pensam no futuro, porque o investimento pode ser alto, mas são 30 anos colhendo", completa.

EXPORTAÇÃO
Maior produtor e consumidor, o Brasil é o terceiro maior exportador de palmito, atrás de Equador e Costa Rica, cujas indústrias são voltadas ao mercado internacional. Mesmo assim, a receita com os embarques a partir do País aumentaram 14,4% em um ano. Foram US$ 1,899 milhão em 2015 e US$ 2,172 milhões em 2016.

No entanto, pelo consumo, o Brasil é o maior fornecedor do mundo, com 74,3% do mercado e uma arrecadação de cerca de R$ 350 milhões por ano, conforme dados da empresa Inaceres, líder nacional de produção, industrialização e comercialização de palmito pupunha.