A propriedade da família de Marcos Seitz é modelo em volume de produção: "Estamos seguindo toda a cartilha para atingir os melhores níveis de produtividade"
A propriedade da família de Marcos Seitz é modelo em volume de produção: "Estamos seguindo toda a cartilha para atingir os melhores níveis de produtividade" | Foto: Divulgação



Se a pesquisa, de modo geral, testifica que a produtividade de soja caminha em bom ritmo no País, sem dúvida alguns exemplos de produtores pelo Paraná também mostram que é possível acelerar esse processo, mesclando tecnologia, gestão e manejo eficiente das lavouras. O fato é: sempre é possível evoluir neste sentido.

Na propriedade dos Seitz, em Guarapuava, o pai Helmuth, junto aos filhos Marcos e Alexandre são modelo em como trabalhar com a oleaginosa. Numa área de 1.100 hectares (ha), eles fecharam a safra 2015/16 com média de 4.740 kg/ha (79 sacas/ha), um recorde para a família que tem origem alemã. A média do Estado também foi alta, mas longe disso. Fechou em 3.735 kg/ha (62,2 sacas/ha).

A reportagem decidiu conversar com a família porque – além desse rendimento absurdo – eles também registraram novo recorde nacional no desafio de produtividade realizado pelo Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB), atingindo a marca de 8.944 kg/ha, ou 149 sacas/ha. O recorde anterior era de 141,8 sc/ha, registrado na safra 2014/2015. Os números representam quase o triplo da média nacional de produção de soja.

É claro, que quando se trata desse tipo de concurso, as condições são bem diferenciadas em relação à lavoura comercial. Mesmo assim, é possível mostrar o potencial de crescimento que é possível galgar com a cultura.

No caso do concurso deste ano, a área de plantio da família foi de 10 ha, com espaçamento reduzido nas entrelinhas, de 22,5 cm (ao invés de 45 cm), adubação de 600 quilos de NPK, cinco doses de inoculantes no sulco de plantio, cinco aplicações de fungicidas e inseticidas, além de fertilizantes foliares e aminoácidos. "O mais interessante é que fizemos o gerencial dessa soja e ela se mostrou 143% mais rentável do que uma área convencional. Aliamos rentabilidade e produtividade", salienta Marcos, que se formou engenheiro agrônomo e trabalha há dois anos com o pai e o irmão.

Mas para atingir tais níveis e vencer o concurso, foi necessário que a máquina de plantio passasse duas vezes na mesma área. "Por isso fica inviável pensando em grande escala. A parte operacional não é possível de ser trabalhada. Se perderia muito tempo no processo".

Se as 149 sacas/ha ainda são uma "utopia" para lavouras comerciais, Marcos conta alguns segredos para atingir a uma média de 79 sacas/ha. "Há anos trabalhamos com agricultura de precisão e desde então percebemos um incremento grande de produtividade. Acredito também que muitos produtores esquecem de questões básicas, como a estrutura física e química do solo. Muitos, por exemplo, não fazem a subsolagem, que serve para a descompactação do solo e assim limita o crescimento de raízes".

O jovem produtor não duvida que em 20 anos, ou até menos, sua propriedade rompa com a barreira das 100 sacas/ha. "Tenho quase certeza que isso será possível. Tudo isso depende do produtor e também das empresas trabalharem novas tecnologias, como por exemplo variedades mais produtivas, mas também resistentes. Pensando em nós, hoje acredito que estamos seguindo toda a cartilha para atingir os melhores níveis de produtividade. Também não podemos esquecer que dependemos do clima. Trabalhamos a céu aberto". (V.L.)