Apesar do clima, Samuel Sanches Filho ainda conseguiu fechar 2016 com saldo positivo, mas aposta nesta safra de soja para melhorar os ganhos
Apesar do clima, Samuel Sanches Filho ainda conseguiu fechar 2016 com saldo positivo, mas aposta nesta safra de soja para melhorar os ganhos | Foto: Ricardo Chicarelli



Os exportadores do agronegócio sentiram a desvalorização do dólar neste ano, mas não deixaram de contabilizar bons resultados diante da alta demanda por produtos nacionais. A cotação da moeda norte-americana abriu o ano em R$ 4,03 e fechou a R$ 3,25, uma queda de 19,3%, conforme o Banco Central. Porém, foi no exterior e na conquista de novos parceiros comerciais que o mercado buscou um alívio para a redução do consumo interno, causada pela crise econômica.

As exportações do setor ficaram em US$ 86 bilhões em 2016, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O valor é 2,5% menor do que o de 2015 e reflete também a queda no preço das commodities e as quebras de safra. Isso porque os 170 milhões de toneladas embarcadas somam 4% acima do registrado no ano anterior. "Essa tendência de maior volume e menor valor embarcado indica que a baixa no preço médio das commodities afeta o faturamento do exportador brasileiro, mas que o produto, em si, segue altamente competitivo e demandado no mercado externo", informa relatório da confederação.

Um exemplo são as vendas externas de aves no Paraná. Com dados do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar) fechados até novembro, o volume cresceu de 1,3 milhão para 1,4 milhão de toneladas (t) embarcadas, enquanto o valor caiu de US$ 2,187 bilhões para US$ 2,135 bilhões. "Se não conseguimos ter lucro maior neste ano, houve crescimento de até 5% na quantidade de abates", diz o presidente da entidade, Domingos Martins.

Os dados sobre embarques de carne bovina também não foram fechados para o ano. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab), as exportações de pecuaristas fecharam em US$ 81,5 milhões e 23,5 mil t entre janeiro e setembro de 2016. O valor aumentou 72,2% do que os US$ 47,3 milhões e o volume é 62,7% maior do que as 14,4 mil t do mesmo período de 2015.

Para o veterinário e técnico de pecuária do Deral Fábio Mezzadri, a abertura de novos mercados e o aumento nas vendas ao exterior foram uma das boas notícias para o setor. "As exportações enxugaram um pouco o mercado interno, mas não o suficiente para substituir a queda de demanda interna", diz. "E os resultados pelos mercados que foram abertos aparecerão mais em 2017", completa.

No caso de carne suína in natura, os embarques aumentaram 30,2%, de US$ 132,4 milhões, em 2015 para US$ 172,3 milhões em 2016, conforme dados compilados pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). Ainda com origem no agronegócio regional, as exportações de açúcar bruto tiveram alta de 13,4% no Estado, de US$ 792,8 milhões para US$ 898,8 milhões.

GRÃOS
A receita com exportações de soja em grãos e triturada do Paraná foi de US$ 2,9 bilhões em 2016, levemente abaixo da estabilidade em relação ao ano anterior. O volume, porém, foi um pouco maior, ao passar de 7,7 milhões de t em 2015 para 2,9 milhões de t.

No caso do óleo de soja, o valor caiu 29,7%, ao passar de US$ 488 milhões em 2015 para US$ 345 milhões em 2016. O volume caiu em proporção semelhante, de 30,7%, ao ir de 707,4 mil para 489,6 mil t.

Já a quebra de safra do milho fez com que os embarques caíssem pela metade. De US$ 608 milhões em 2015, a receita caiu para US$ 304 milhões em 2016. O volume foi de 3,6 milhões para 1,8 milhões de t.