Luiz Fernando de Andrade Leite e o pai Antônio Lázaro Leite atuam há 15 anos com o cereja descascado em lotes especiais. Na foto da capa, veja vídeo utilizando a tecnologia Realidade Aumentada
Luiz Fernando de Andrade Leite e o pai Antônio Lázaro Leite atuam há 15 anos com o cereja descascado em lotes especiais. Na foto da capa, veja vídeo utilizando a tecnologia Realidade Aumentada | Foto: Saulo Ohara



Basta uma leve atenção por qualquer centro metropolitano para perceber que há muito tempo que o café mudou de status. É claro que o cafezinho da padaria ainda funciona, mas é nítido o número de cafeterias que surgiram trazendo algo mais para esse produto tão apreciado. Hoje, o consumidor sabe identificar um café especial, de qualidade.

Não por acaso, projeções apontam que a comercialização de café commodity cresce na casa de 2% ao ano. Já o que café qualidade, esse percentual é dez vezes maior: 20% ao ano. O Norte Pioneiro sabe disso e se atenta a um fato: é preciso produzir cafés especiais em volume considerável para atender este mercado.

A estratégia de focar no cereja descascado (CD) vem de encontro com essas demanda. No preparo por via úmida, há a separação dos frutos de café por estágio de maturação. O processamento desta forma apresenta como vantagens a diminuição na área do terreiro, proporciona uma secagem mais rápida e uniforme dos grãos, maior otimização dos secadores, das tulhas e das máquinas de beneficiamento. É válido lembrar que a água utilizada durante o processo deve ter destino e tratamento adequados, como já acontece por meio do Programa 100% Qualidade, do Sebrae.

Numa área de 18 hectares em Nova Fátima, o produtor Antônio Lázaro Leite atua há 15 anos com o CD focado em lotes especiais. Auxiliado pelo filho Luiz Fernando de Andrade Leite, eles já comercializaram café para diversos países do mundo e empresas como Starbucks, Sustentable Harvard e Green Mountain, além de vencer diversos concursos no Estado e pelo País desde 2005. "Se o Paraná quer ter café de qualidade em escala, precisa partir para a tecnologia do CD, como fez países tradicionais, como Guatemala e Colômbia. Temos condições climática e solo fantásticos para a produção de cafés especiais. Por isso, temos que solidificar tal manejo em nossa região", salienta Luiz.

São muitos detalhes que colocam a família Leite neste alto patamar. Além do ambiente favorável, ele cita a forte parceria com o Sebrae, assistência técnica especializada, manejo correto da área e, claro, o processamento do café. "O investimento no processamento vai depender do tamanho da propriedade. Hoje, o produtor vai gastar numa via úmida de R$ 20 mil a R$ 25 mil. Um trabalho que agrega no saco de café descascado praticamente R$ 100 a mais. Em 100 sacas, é um ágio de R$ 10 mil. Vale dizer que hoje há linhas de financiamento de longo prazo para aquisição de maquinário que é acessível a qualquer produtor".

Para o futuro, a expectativa dos produtores é continuar entregando ao mercado interno e externo um café diferenciado, sempre concorrendo e vencendo concursos. "A partir do momento que as pessoas conseguem identificar um café de qualidade, param de fazer distinção de valores para apreciar um bom café. Temos que aproveitar este momento e não ficar na vala comum".

Na 10ª edição da Ficafé, que será realizado na próxima semana, a família Leite participa com lotes de CD e também natural. "Sempre quando vencemos algum concurso, nos sentimos motivados para investir em novos plantios".