Os cursos passam a ter maior duração, ainda que sejam feitos em módulos, para evitar que o produtor fique muito tempo longe da propriedade
Os cursos passam a ter maior duração, ainda que sejam feitos em módulos, para evitar que o produtor fique muito tempo longe da propriedade | Foto: Gina Mardones



O conhecimento do homem do campo passa de geração para geração, mas sempre é possível se adequar aos avanços tecnológicos e às novas exigências do mercado consumidor para ganhar em renda e em qualidade de vida. É com esse foco que foi criado em 1993 o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), no Brasil e no Paraná, para garantir treinamentos e capacitação ao produtor e ao trabalhador agrícola. No Estado, o órgão entrou em uma nova fase desde o segundo semestre de 2016, com foco em qualidade e visão mais sistêmica para garantir maior profissionalismo no agronegócio.

São mais de 3 milhões de inscritos em cursos e treinamentos ao longo dos anos, a grande maioria para desenvolvimento de habilidades, como gestão de custos ou cultivo hidropônico, por exemplo. Após revisão do plano pedagógico entre 2015 e 2016, a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), gestora do Senar, anunciou que passará a fortalecer a busca por qualidade e conhecimento de mercado, sem abrir mão dos cursos direcionados ou específicos.

O superintendente do Senar-PR, Humberto Malucelli, afirma que os cursos passam a ter maior duração, ainda que sejam feitos em módulos, para evitar que o produtor fique muito tempo longe da propriedade. "A quantidade de cursos deixa de nos interessar porque já está aí e vai continuar a existir porque existe demanda. Agora é hora de não apenas fazer, mas fazer com resultado", diz.

Um exemplo é o programa de qualificação de olericultores Hortimais, que existe desde 2009, mas que passou a oferecer 13 módulos de treinamento complementares por meio de parcerias com universidades e empresas. Os cursos vão desde o planejamento da produção, passam pela conservação do solo e pela nutrição de plantas, até a gestão de custos e pós-colheita (mais informações podem ser obtidas no endereço eletrônico www.programahortimais.com.br).
"Estamos trabalhando para levar os cursos na época certa, por meio de itinerários informativos, para atender na íntegra as necessidades do produtor", diz o supervisor regional do Senar em Londrina, Arthur Piazza Bergamini.



Bergamini, que coordena o atendimento do órgão em 60 municípios da região, com parcerias com 30 sindicatos patronais rurais, afirma que serão ofertados 900 cursos neste ano, de promoção social e técnicos. Vale lembrar que há oferta de cursos específicos como panificação, que visam melhorar a qualidade de vida do agricultor pela redução de custos e maior aproveitamento de recursos da própria propriedade. "A qualificação é motivo de fixação do homem no campo. Se ele não estiver preparado, acaba engolido pela concorrência e isso independe do tamanho da área: só não pode é ter a cabeça pequena", sugere.

Imagem ilustrativa da imagem Desenvolvimento no campo em curso



Financiamento
Os produtores rurais não têm qualquer custo adicional no ato da matrícula dos cursos. Isso porque o Senar é mantido, em parte, pela Contribuição Previdenciária Rural, que consiste no desconto de 2,3% em notas fiscais de negociações. "No ato do treinamento, ele não paga nada, mas não posso dizer que é gratuito", explica Bergamini.

Há ainda parcerias com diversos convênios com instituições públicas e privadas, além de recursos do Sistema S, que inclui Senai e Sebrae. Porém, para participar é necessário comprovar a atuação como produtor ou trabalhador rural, ou familiares, por meio de documentos como o recibo de quitação do Imposto Territorial Rural (ITR).