A plataforma Fieldview permite integrar, num só lugar e independentemente das marcas dos maquinários, informações como as de plantio de sementes por metro quadrado, vasão de pulverização, produtividad
A plataforma Fieldview permite integrar, num só lugar e independentemente das marcas dos maquinários, informações como as de plantio de sementes por metro quadrado, vasão de pulverização, produtividad | Foto: Fotos: Cristiano Borges/Divulgação



Nos Estados Unidos, os conceitos de agricultura digital, utilização de dados em nuvem e acompanhamento remoto de operações já são uma realidade mais concreta. Um exemplo de sucesso é a plataforma Climate FieldView, da Monsanto, que abrange 100 mil produtores norte-americanos numa área 35 milhões de hectares (ha) mapeados, sendo seis milhões de ha em altíssima definição, um raio-x perfeito de tudo que está acontecendo em cada talhão. Adaptado ao Brasil depois de dois anos de testes em 130 propriedades em diversos estados, inclusive o Paraná, ferramenta começa a ser vendida via internet na próxima segunda-feira (12).

Apesar dos produtores nacionais já terem uma certo conhecimento no que diz respeito a gerar dados na lavoura – inclusive com a agricultura de precisão – a Monsanto acredita que eles ainda não conseguem trabalhar de forma eficiente com todas essas informações. A ideia da empresa com o Fieldview é integrar, num só lugar e independente das marcas dos maquinários, informações de plantio de sementes por metro quadrado, vasão de pulverização, produtividade, colheita, umidade, híbridos utilizados, altitude, velocidades, entre diversas outras informações, tornando essa leitura mais fácil e que traga resultados concretos.

Funciona da seguinte forma: o produtor contrata o serviço via site da empresa (R$ 15 por ha para licença de um ano) e solicita quantos drives (dispositivos) serão necessários (R$ 980 cada) para plugar em cada maquinário para a leitura dos dados. É necessário também a aquisição de um Ipad (Apple) por drive para captação das informações. Depois, por meio de qualquer dispositivo - celular, tablet ou CPU de qualquer marca - ele consegue acompanhar "real time" - caso haja cobertura de internet na propriedade – tudo que está sendo captado.

"O dispositivo foi desenvolvido para um ambiente de altíssima conectividade. Por isso, "tropicalizamos" a tecnologia, adaptando para um ambiente offline. Ou seja, quando o dispositivo encontra qualquer sinal de conectividade (3G ou wifi, por exemplo), as informações são passadas para a nuvem e automaticamente sincronizadas no tablet, celular ou CPU. Acredito que esta questão (da conectividade) está superada", salienta Mateus Barros, líder para América do Sul da The Climate Corporation, negócio de agricultura digital da Monsanto, adquirida em 2013 por US$ 1 bilhão.

Durante a experiência de dois anos no Brasil antes do lançamento, a empresa ofereceu o serviço em parceria com aproximadamente 115 produtores na safra 2015/16, com cobertura de 400 mil ha e um mapeamento de mais de um milhão de ha, ou seja, aproximadamente 2,5 informações foram geradas por ha. "Todo o conceito é baseado na Internet das Coisas (IoT), que acumula as informações em camadas e assim estruturadas. Os dados são agregados aos nossos algoritmos e voltam aos produtores pelas informações. Tudo é armazenado nos servidores da Amazon com toda a segurança e são utilizados pela Climate de forma agregada. Vale dizer que os dados individualizados da propriedade pertencem aos agricultores".

Outro ponto bem interessante é que o produtor, contratando o serviço, não tem limite de uso de dados podendo lançar no seu banco informações de safras passadas ligadas a agricultura de precisão, mapas de fertilidade, etc. "Com tudo isso, o produtor vai entender cada m² da sua fazenda, conectando inclusive os principais maquinários que existem no mercado mesmo de marcas diferentes. Tudo é muito simples, sem planilhas, sem coleta de dados via pendrive ou softwares complexos. Isso melhora o processo de tomada de decisão dos produtores".

A Monsanto capacitou 400 consultores e vendedores para trabalhar com o Fieldview por todo o País e espera que os produtores que passaram pelos testes agora contratem a tecnologia. O próximo passo da empresa é expandir os trabalhos para a Argentina.