Imagem ilustrativa da imagem Defasagem supera 40% em tratores e colheitadeiras



A retomada dos investimentos em tecnologia no campo, principalmente no que tange à agricultura de precisão, são considerados importantes para manter os ganhos de produtividade do setor, dizem especialistas. Tudo porque 42,6% do total de tratores no campo, ou 523,7 mil, têm mais de 20 anos de uso e deveriam ser substituídos, conforme estudo feito pela Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica, com dados da Anfavea e do Censo Agropecuário do IBGE.
Verdade que, se em 1960 eram 62,6 mil tratores no País, ou um a cada 410 hectares plantados, o número cresceu mais de dez vezes até 2016. Hoje são 706,9 mil unidades com até 20 anos de uso, ou um a cada 110 ha.
Em relação a colheitadeiras, o Brasil tinha 5,7 mil em 1960, ou uma para cada 3,1 mil ha. O número chegou a 82,3 mil com até 20 anos neste ano, ou uma a cada 707 ha. Da mesma forma, 47,8% do total de máquinas do tipo no País, ou 75,4 mil, têm necessidade de reposição, informa o levantamento.
Diretor de marketing da New Holland para a América Latina, Carlos d’Arce considera que a linha de tendência do mercado é de retomada. "Acreditamos que volte nos próximos anos para 45 a 50 mil tratores e 4,5 a 5 mil colheitadeiras, em linha com o fato de existir área para expansão ainda no Brasil, como no Maranhão, Tocantins, Piauí, Bahia e até no Mato Grosso. Ainda, há demanda para a troca de máquinas que sejam mais eficientes e consigam trabalhar com agricultura de precisão", diz.
O diretor de Vendas da John Deere no Brasil, Rodrigo Bonato, cita que a análise de mercado na empresa leva em consideração triênios, o que ajuda a explicar o momento atual. Ele reconhece que houve um período de baixa entre 2014 e 2016, mas que é preciso considerar a forte alta nas vendas entre 2011 e 2013. "Tendo isso como nossa base, já entramos neste ano otimistas, mas com responsabilidade, porque nossa análise mostra que os fundamentos da agricultura estavam sólidos, apesar de termos macrocenário da economia e política", conta.
Vale lembrar que o financiamento de máquinas chega muitas vezes a dez anos e pequenos e médios produtores evitam mais do que duas compras do tipo simultâneas, o que ajuda a explicar os períodos de alta e baixa do mercado.

ESTRATÉGIAS
As marcas aumentaram a quantidade de facilidades para se aproximar dos clientes. Garantia estendida, bônus na manutenção, ferramentas de financiamento, além das linhas governamentais e acesso facilitado a bancos das montadoras, até mesmo para produtores que estão no Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf) são algumas das iniciativas citadas por executivos das indústrias.
Outra alternativa são as operações de barter, ou permuta, que permitem a troca de commodities, como café ou grãos, por insumos, sementes e equipamentos. O formato evita a incidência de juros ou mesmo a burocracia para obtenção do crédito, com preços determinados pela cotação em bolsas internacionais. Existe, no entanto, risco. Em caso de quebra de safra ou perda de qualidade do produto, é possível que o agricultor tenha de pagar a diferença. "Essa troca por grãos é uma ferramenta que o produtor já estava acostumado a usar na compra de defensivos, de fertilizantes, diz d’Arce. (F.G.)