A criadora Cristiane Del Grossi Moreira, de Paranavaí, já passou por cursos de gestão rural e manejo de gado de corte
A criadora Cristiane Del Grossi Moreira, de Paranavaí, já passou por cursos de gestão rural e manejo de gado de corte | Foto: Gina Mardones



O rebanho bovino de corte diminuiu 10% na última década, no Paraná, principalmente por perder espaço para culturas como a soja e o milho. Para evitar a retração do mercado na região, o governo paranaense lançou em 2015 o Plano Integrado de Desenvolvimento de Bovinocultura de Corte, que busca especializar o trabalho em toda a cadeia e mostrar que o gado pode ser tão ou mais rentável do que os grãos.

O plano prevê mudanças na forma de trabalhar e é nesse momento que os cursos de capacitação se tornam essenciais. Um levantamento feito pela Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) aponta que boa parte dos bovinocultores da região não avançou em técnicas de criação. Um exemplo é que os pecuaristas de alto nível tratam as pastagens como culturas, com uso de novas cultivares desenvolvidas e que permitem ganhos de produção. Também há tecnologias reprodutivas que aumentam a velocidade da seleção genética.

São objetivos da proposta a redução da idade média de abate do gado de 37 meses para 30 e o aumento da produção de 137 quilos de carcaça por hectare ao ano para 210 kg. Há ainda questões que ficam "para fora da porteira", como a relação do produtor com a indústria. A organização da escala de abate, com oferta regular, e a entrega de carne de maior qualidade resultam em melhor remuneração para o produtor.

Tema que levou de volta à sala de aula 40 produtores rurais e profissionais de agronomia e veterinária, no Sindicato Rural Patronal de Londrina, para o curso de "Capacitação Técnica do Plano Integrado de Desenvolvimento de Bovinocultura de Corte do Paraná – Pecuária Moderna". A responsável pelo setor de pecuária de corte do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) na cidade, a médica veterinária Gayza de Paula Iacono, diz que a região tem condições de ser referência estadual. "Temos áreas propícias para a bovinocultura que vão desde a declinosa, em Tamarana, ao arenito, em Jaguapitã", diz.

Instrutor do curso e engenheiro agrônomo do Emater, Joaquim Rocha Martins afirma que a capacitação tende a mudar a mentalidade do pecuarista. "Sobre a condução de pastagens, eles passam a entender que o manejo é fundamental para a manutenção da propriedade, do ponto de vista econômico e ambiental", cita. Ele exemplifica que é comum a degradação da pastagem, com reforma para correção, o que prejudica a fertilidade do solo e gera mais custos.

O curso atraiu a criadora Cristiane Del Grossi Moreira, de Paranavaí, a Londrina. Ela mantém 320 cabeças em 217 hectares, na Fazenda Três Cachoeiras. Formada em administração de empresas, ela trabalha na propriedade há quatro anos e já passou por cursos de gestão rural e manejo de gado de corte. "Esse curso não é tão técnico, então é próprio para o trabalhador do dia a dia compreender mesmo sem ter todo o conhecimento específico", conta.

Cristiane soube da capacitação pela revista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) e foi informada da agenda em Londrina pelo sindicato. Já o criador Carlos Pauletti, de Ibiporã, foi avisado da proposta por um agente do Emater. Ele já fez outros cursos voltados para ovinos, mas pretende intensificar a produção de bovinos de corte nos 25 hectares do Sítio Ipê. "A propriedade é pequena e preciso conhecer melhor as técnicas de hoje para viabilizá-la", diz. "Meu filho terminou a faculdade e está desempregado, então quero ver se o trago para o próximo e faço a sucessão familiar", completa.

Imagem ilustrativa da imagem Curso visa recuperar bovinocultura de corte