A padronização da estrutura, com gaiolas do mesmo fromato, assim como bebedor, comedor, forro e grade, facilita o manejo e dá mais qualidade para a criação
A padronização da estrutura, com gaiolas do mesmo fromato, assim como bebedor, comedor, forro e grade, facilita o manejo e dá mais qualidade para a criação | Foto: Gina Mardones



A Sociedade Ornitológica Londrinense (SOL), fundada em 1976, tem grande tradição e a partir dela foram fundados diversos clubes em cidades vizinhas. Em junho, aconteceu a 39ª Exposição de Canários de Cor e Porte (Expo-Sol) 2017. O evento é o terceiro mais antigo da cidade, perdendo apenas para a ExpoLondrina e o Filo. Atualmente a Sol conta com cerca de 60 criadores, muitos deles referências dentro da canaricultura nacional, alcançando o topo das competições e fazendo um trabalho excelente na genética das aves.

O presidente da Sociedade Ornitológica Londrinense (Sol), Newton Eskelsen Felício, elenca a importância de um manejo bem feito, independentemente do tamanho do canaril. "O primeiro ponto é a padronização da estrutura. As gaiolas precisam ser do mesmo padrão, também o bebedor, o comedor, forro, grade, tudo isso facilita o manejo e dá mais qualidade para a criação".

O segundo ponto, de acordo com Eskelsen, é escolher bons animais na hora de iniciar a atividade, focando em matrizes boas. "O criador é considerado grande não pelo volume de animais, mas pelos resultados que conquista. Ele precisa ficar atento para não comprar animais de baixa qualidade e que não trará resultados. Existem muitas cores, por exemplo, que ainda não têm em Londrina e temos incentivado o pessoal a buscá-las, fugir das mais tradicionais, que acabam sendo as mais concorridas nos campeonatos".

Em relação ao ambiente, como acontece na Europa (só na Holanda são 500 mil criadores), não é necessário um espaço grande, e sim água de qualidade, alimentação balanceada, iluminação, qualidade de sol, circulação de ar e, claro, carinho e atenção. "Quando os criadores são filiados aos clubes, cada animal tem uma anilha, em que é possível saber todas as informações na hora da compra, como idade, cidade de origem, código do clube, o país, número do nascimento dentro do plantel, entre outros dados".



Para quem quer um canário em casa, sem muitas pretensões de se tornar um criador, Newton orienta que o consumidor precisa olhar se o ambiente do comércio é limpo e tem um bom trato com as aves. "Observe se o pássaro está saudável, ativo, pulando de um puleiro para o outro, alegre e cantando. Um pessoa irá pagar entre R$ 80 a R$ 110 numa boa ave".

Mais que hobby, uma atividade prazerosa e lucrativa

Nelson e Edivaldo Salvador produzem em torno de 500 a 600 filhotes, com faturamento bruto médio de R$ 60 mil anual
Nelson e Edivaldo Salvador produzem em torno de 500 a 600 filhotes, com faturamento bruto médio de R$ 60 mil anual | Foto: Roberto Custódio



Conversando com os criadores de Londrina, fica claro o quanto o hobby é importante para cada família, sem contar todo o "frisson" de participar das competições e, claro, fazer canários campeões. Mas o que não fica de lado é que, associado aos bons resultados, a criação de canários pode se tornar um negócio rentável.

O consultor de segurança, Edivaldo Salvador, tem a paixão dos animais que veio de criança, graças ao pai Nelson, atualmente o criador mais antigo do clube londrinense. Há 14 anos, ele resolveu investir no próprio canaril e conta com 280 aves matrizes, principalmente trabalhando com as categorias de cor (branco e amarelo) e o porte Frisado do Sul. "Hoje nosso trabalho busca melhoramento genético, com o intuito de vender aves para a reprodução".

Salvador explica que já chegou a vender animais por R$ 2,5 mil, e que ao longo do ano ele cria em torno de 500 a 600 filhotes, o que gera um faturamento bruto, em média, de R$ 60 mil anuais. O custo do criador com manejo e funcionário fica gira em torno de R$ 2 mil por mês. "Mais do que o comércio, para nós é uma atividade antiestresse, e além de estreitar os laços familiares com meu pai, e também meus filhos, que me ajudam no fim de semana".

O representante comercial, Adelino do Carmo, cria canários há 31 anos em Londrina e é membro do Clube Ornitológico da Região de Astorga. Ele conta que sempre gostou muito de pássaros domésticos e hoje possui um plantel de 300 canários de porte de seis raças diferentes. Ele já conquistou 11 títulos brasileiros com as raças Scotch Fancy, Border e Yorkshire. "O hobby começou a se tornar negócio, principalmente quando meu plantel começou a ganhar títulos".

Hoje, devido ao nível genético elevado de suas aves, Adelino chega a importar exemplares de outros países, como a Itália, e cumprindo todas as normas exigidas de importação, chega a pagar R$ 3 mil a R$ 4 mil por uma ave. "Estou para aposentar e quero dedicar meu tempo a esse trabalho. Acho que morro seu os meus canários", brinca Adelino.