De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos, Péricles Salazar, as normas de bem-estar animal estão embutidas nas exigências dos mercados internacionais. ''Para continuar como maior produtor e exportador de carne do mundo, o Brasil precisa atender às regras impostas'', afirma. Segundo ele, o País está no caminho certo e a tendência é de que a produção de proteína animal esteja cada vez mais adequada a normas rigorosas de sanidade, segurança alimentar, qualidade e, naturalmente, bem-estar.
O presidente da Associação Nacional de Produtores de Bovinos de Corte (ANPBC), José Antônio Fontes, afirma que a cadeia produtiva gostaria de praticar todas as medidas necessárias para garantir o bem-estar animal. Os pecuaristas esperam, em contrapartida, uma remuneração pelo trabalho. ''Dentro da propriedade, conseguimos tomar as medidas com tranquilidade, mas para fora da porteira não temos benefícios'', comenta. Segundo ele, grande parte das propriedades já está adaptada, principalmente no que se refere ao manejo dos animais. ''É preciso que as ações envolvam toda a cadeia para atender às exigências do consumidor'', avalia.
Já o presidente da Associação Regional dos Suinocultores do Centro-Sul do Paraná (Suinosul), Luis Bisewiski, avalia que o impacto financeiro gerado pelas normas de bem-estar, que implicam em alterações na infraestrutura, é compensado a longo prazo. A provável exigência de eliminação das celas de gestação no futuro vai fazer com que produtores brasileiros invistam em espaços maiores e em um número maior de tratadores, o que aumentaria o custo de produção. Por outro lado, a redução do estresse causado ao animal resulta em aumento da imunidade, da longevidade e da produtividade do animal, além de melhorar a qualidade da carne. Segundo Bisewiski, o papel do governo é investir em pesquisa para equalizar a relação entre custo de produção e qualidade de vida do animal.
No segmento avícola, o aprimoramento do sistema de apanha das aves e da estrutura de ventilação e temperatura é feito há alguns anos com o objetivo de obter qualidade nas carcaças. Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins, as normas de bem-estar vieram para colaborar com o rendimento obtido nos aviários. Segundo ele, o maior investimento da cadeia foi no treinamento dos produtores e tratadores para a execução de um manejo mais dócil dos animais. A apanha é feita por cima das asas para que o animal não se debata, evitando lesões; a esteira para carregamento também reduz os ferimentos e o estresse durante o transporte, amenizado pelo sistema de ventilação e ocupação das gaiolas; por fim, ao chegar ao abatedouro, as aves seguem para um galpão de descanso climatizado para desestressar. ''A ave é um animal frágil e o cuidado é necessário para garantir a qualidade da carne'', justifica Martins. (M.F.)