Imagem ilustrativa da imagem Commodities desvalorizadas refletem em confinamento rentável
| Foto: Fotos: Gina Mardones



Apesar de preferir não projetar números referentes ao aumento de abates este ano, a Scot Consultoria também acredita que esta é uma tendência de cenário para o segundo semestre, com os animais em confinamento como um fator bem determinante para que isso se concretize. "Espera-se inclusive que mais fêmeas irão para o gancho este ano, em função de uma situação menos atrativa comparada a anos anteriores para a produção de bezerros. Ou seja, uma carga maior de animais que vai somar a esses bovinos que serão abatidos", explica o consultor da Scot, Alex Lopes.

Outro ponto, segundo o especialista, é que, à medida que se tem uma queda no preço da unidade produtiva (arroba), torna-se natural que os pecuaristas busquem aumentar a escala de ganho, abatendo mais animais. "É uma estratégia para que se consiga a manutenção de resultados comparado ao ano passado. Este é mais um fator que leva a acreditar no aumento dos abates".

Alex comenta ainda que nos dois a três primeiros meses da safra, os abates aconteceram um pouco mais acelerados dos bovinos machos, o que, consequentemente, levou a uma queda dos preços. "Os pecuaristas são suscetíveis a situações de decréscimo na arroba. Tivemos ainda a situação da Operação Carne Fraca, que fez com que muitos entregassem o produto de forma desesperada devido a um cenário de pânico e mercado nervoso".

Agora, no últimos 45 dias, os produtores estão um pouco mais resistentes para entregar a boiada. "O pessoal está mantendo os animais no pasto, tentando negociar preços melhores. Até o momento, eles estão conseguindo fazer isso sem muita dificuldade em relação ao aumento de custo, com a pastagem mais barata o possível para se produzir. Quando se aproximar o período de seca combinada com o frio, haverá um aumento da entrega de animais em curto e médio prazo".



Para aqueles pecuaristas que permanecerem com os animais na propriedade, com semiconfinamento ou confinamento, as perspectivas parecem melhores que do ano passado, já que houve queda significativa dos preços das commodities, principalmente soja e milho, fundamentais para o manejo.

No Paraná, em abril do ano passado, a saca de soja estava em R$ 66, contra R$ 55,99 no mesmo período deste ano, queda de 15,1%. Já o milho, caiu de R$ 37,18 para R$ 20,77 no mesmo período, uma retração de 44,1%. "Se trabalharmos com um valor mínimo possível para a arroba de R$ 140, e não deve ficar abaixo disso no segundo semestre, com o custo de dieta e diária que temos escutado na campo, o confinamento entrega retorno de 2,5% a 3% ao mês. O grande responsável por isso é a diminuição dos custos de produção", destaca.

Por fim, Lopes comenta que os animais para recria também estão mais em conta. "Há uma possibilidade de desvalorização dos animais de reposição e, consequentemente, uma melhora na atividade de confinamento", conclui. (V.L.)