Plantar somente mudas sadias e com origem em viveiros certificados é o primeiro passo para a convivência com o greening
Plantar somente mudas sadias e com origem em viveiros certificados é o primeiro passo para a convivência com o greening | Foto: Ricardo Chicarelli



O greening é a principal doença da citricultura no País e não existe cura, mas nem por isso chega a assustar os produtores. O problema foi registrado pela primeira vez em 2004, segundo o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), deu muito prejuízo nos anos seguintes e hoje está presente em todo o estado de São Paulo e em pomares do Paraná e de Minas Gerais. No entanto, os produtores aprenderam a conviver com a praga, por meio de manejo integrado ao uso de inseticidas.

Os avanços tecnológicos permitiram até mesmo o desenvolvimento em laboratório de uma pequena vespa, a Tamarixia radiata, para ser a predadora do inseto vetor do greening, o psilídio Diaphorina citri, que se parece com uma minúscula cigarra. Porém, é mesmo o acompanhamento da cultura durante todo o ano, o que leva à redução de danos para menos de 2% dos pés.

O primeiro passo é plantar somente mudas sadias e com origem em viveiros certificados e com telas antiofídicas, que impedem o acesso do inseto à planta. No manejo do pomar, é necessário no mínimo seis inspeções em cada planta cítrica ao ano, principalmente entre fevereiro e setembro, quando os sintomas do greening são mais visíveis.

A pequena vespa Tamarixia radiata foi desenvolvida pelo Iapar para ser a predadora do inseto vetor do greening, o psilídio Diaphorina citri
A pequena vespa Tamarixia radiata foi desenvolvida pelo Iapar para ser a predadora do inseto vetor do greening, o psilídio Diaphorina citri | Foto: Saulo Ohara/13-06-2016



Quando o produtor ou o técnico contratado encontra uma planta com sintomas da doença, o pé precisa ser eliminado. É necessário também pulverizar inseticidas, para evitar que os insetos contaminados migrem, e herbicida no lenho erradicado, para impedir o rebroto. A substituição da muda deve aguardar alguns meses, para evitar que seja intoxicada.

O gerente da unidade industrial de sucos da Integrada Cooperativa Agroindustrial, Paulo Rizzo, afirma que a praga perdeu força desde a década passada. "Todos os institutos de pesquisa sobre citricultura do mundo investiram em tecnologia e estamos aprendendo a conviver com a doença."

Engenheiro agrônomo do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e consultor da Cooperativa Nova Citrus, Ciro Marques Marcolini afirma que o acompanhamento técnico é praticamente obrigatório. "Os 'pragueiros' fazem a análise das plantas e preenchem uma ficha, que indica para o produtor quando é o momento de aplicar o inseticida", diz.

Para Marcolini, é importante que o pequeno produtor se associe a um grupo ou cooperativa, tanto para garantir a oferta constante de laranjas quanto para receber assistência técnica. "É preciso trabalhar com um índice de corte de no máximo 2% dos pés ao ano, para garantir uma durabilidade de 20 anos. Se passar de 5%, por exemplo, inviabilizará o pomar em pouco tempo."

Trabalho conjunto para combater o HLB dos citros
Uma das estratégias do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) para enfrentar o huanglongbing (HLB), também chamado de greening, envolve o controle biológico do inseto vetor da bactéria que causa esta doença. É um trabalho em parceria com a Cocamar Cooperativa Agroindustrial e a Citri Agroindustrial.

O HLB é uma doença bacteriana que vem causando graves prejuízos em pomares comerciais e domésticos de cítros. A bactéria do HLB – Candidatus Liberibacter asiaticus – é transmitida por um inseto, o psilídeo dos citros (Diaphorina citri), que ataca as brotações sugando a seiva nas folhas novas. Os sintomas da doença são ramos com folhas amareladas, depauperamento das plantas e deformação dos frutos,, explica o pesquisador Rui Pereira Leite Jr., do Iapar.

A proposta da pesquisa é distribuir nos pomares a vespinha tamaríxia (Tamarixia radiata), que parasita as ninfas (formas jovens) do psilídeo, o vetor da bactéria do HLB. É uma técnica que tem sido empregada com sucesso em outras regiões produtoras de citros, como o estado de São Paulo e também no México, explica Rui Leite.

O acordo de parceria foi firmado em 2016, e prevê a implantação de duas biofábricas de tamaríxia no Iapar – uma na sede, em Londrina, já em funcionamento, e outra no Polo Regional de Paranavaí.

As pequenas vespas estão sendo liberadas em pomares caseiros e abandonados das regiões de Londrina e de Paranavaí, onde o controle químico do psilídeo não é feito, e também em áreas urbanas nas duas regiões produtoras de citros. Já foram liberadas próximo de 400 mil vespinhas desde outubro de 2016, quando esse trabalho começou. "Os estudos ainda estão em andamento, mas os resultados iniciais são promissores", avalia Rui Leite.

Rui Leite explica ainda que, em outras frentes contra o HLB, o Iapar trabalha, em parceria com a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) e as cooperativas, no desenvolvimento de cultivares resistentes e na estruturação de um sistema de alerta aos produtores. (Reportagem Local)