Imagem ilustrativa da imagem Caminho promissor para a piscicultura
| Foto: Shutterstock



Com um potencial hídrico significativo, o Paraná se tornou referência na produção de peixes de cultivo no País, e não é de hoje. Quando se faz um retrospecto da atividade nos últimos seis anos, fica evidente como a cadeia cresce ano a ano e se torna cada vez mais promissora para o agronegócio do Estado.

Não por acaso, o governo estadual reduziu recentemente a carga tributária para o peixe que tem como destino o estado de São Paulo (veja o box), maior comprador do nosso produto. Mais do que isso: levantamentos apontam que a capacidade dos frigoríficos ainda tem muito espaço para o incremento de abate e o que falta, de fato, é peixe. Além disso, ainda há muitos piscicultores com índices de produtividade baixos e podem incrementar esse faturamento. A cadeia paranaense do peixe e, claro, o consumo, têm muito para crescer!

Os números de evolução são de fato impressionantes. Em 2010, o Estado produzia 36,8 mil toneladas de pescado, sendo que 27 mil toneladas (73%), eram de tilápia. Ano passado, o valor total fechou 93,2 mil toneladas, sendo 85,7 mil toneladas (92%), de tilápia. Deste montante, aproximadamente 70% está ligado a tanque escavado e o restante tanque rede.

Para o engenheiro de pesca da Emater, Luiz Eduardo Guimarães de Sá e Barreto, o Lula, a evolução da cadeia no Estado passa pelo arrojo do produtor, que precisa acreditar mais na atividade. "A tecnologia já está disponível para todos no mercado. A diferença das regiões mais desenvolvidas é o investimento. Em alguns locais estamos falando de pesca mecanizada, densidade maior de peixe por área, uso de aeradores, rações de qualidade, tudo isso dá um retorno bem melhor."

Um exemplo está na região de Palotina e Maripá, que se tornou um case interessantíssimo no Estado. As cidades respiram piscicultura em tanque escavado e assim têm abastecido frigoríficos de outras regiões, que não conseguem manter uma constância e nem volume efetivo na produção. "Lá eles têm uma concentração grande peixe por área, geradores de energia, maior quantidade de aeradores e tudo isso contribui para uma produção maior. Enquanto ainda há piscicultores no Estado que produzem 10 toneladas por hectare (ha), os mais profissionalizados já atingem 50 a 70 toneladas por ha, com um retorno limpo que chega à 25%."

Além de mais ousadia dos produtores em apostar na cultura, o engenheiro de pesca relata que o Estado também tem áreas poucos exploradas. "Temos a região Noroeste com muita água e o Centro do Paraná, que embora seja mais frio, é possível trabalhar com espécies típicas. Além disso, há uma demanda reprimida para o consumo do pescado."

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Só filé de tilápia? Mudança de hábito favorecerá cadeia e consumidor

Olhando os números, fica claro que a tilápia impera soberana no Paraná e - como a cadeia foi estruturada há alguns anos - isso deve continuar dessa forma. Segundo Lula, isso acontece porque o ciclo da espécie é menor, de apenas sete meses, comparado a outras possibilidades nativas, como o Piau ou Pacu, que possuem ciclo de 14 meses, aproximadamente. "É claro que ficamos preocupados com o monocultivo, mas é fato que a indústria se estabeleceu no Estado para atender a tilápia."

Hoje o consumidor do Paraná foca principalmente no filé do peixe. Diferentemente, por exemplo, do Ceará, maior consumidor de tilápia no País, mas usufrui do peixe todo. "Se mudarmos um pouco o hábito do consumo, isso pode ajudar até a indústria inclusive, que demandaria menos mão de obra que no filé."

Para o consumidor, os outros cortes seriam importante para baratear o peixe, que em filé, ainda é muito caro. "O corte em postas já começou a aparecer e tem indústrias apostando nele. Assim, seria possível baratar o produto e atender as camadas menos favorecidas da sociedade, que são um grande nicho a ser explorado."