Imagem ilustrativa da imagem Busca por crédito sobe até 15% em bancos no Paraná
| Foto: Arquivo Folha



A busca por financiamentos agrícolas aumentou até 15%, no Paraná, entre alguns dos principais bancos que atuam com recursos do Plano Agrícola e Pecuário 2016/2017, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Houve aumento na demanda por capital para custeio, comercialização e investimentos, o que mostra a solidez do setor mesmo com a crise e com certa desaceleração no mercado de maquinários.

No caso do crédito para custeio, os indicadores do Mapa até apontam para queda de 34,4% nos valores contratados, de R$ 20,16 bilhões entre julho e agosto do ano passado para R$ 13,22 bilhões no mesmo período deste ano, em todo o País. Isso porque boa parte dos recursos foram disponibilizados neste ano no pré-custeio do Banco do Brasil (BB), que não ofereceu a modalidade no ano anterior, elevando o volume no bimestre em questão.

Outra justificativa é que não há como diminuir o uso de financiamentos para garantir a compra de insumos para iniciar o plantio, o que exigiria um capital próprio incomum no setor. Há também o aumento da busca por crédito para investimentos e comercialização neste ano, o que seria uma distorção grande caso o agricultor precisasse colocar o pé no freio somente no custeio.

Quando considerados os valores contratados para comercialização, o aumento foi de R$ 3,72 bilhões de julho a agosto de 2015 para R$ 4,47 bilhões no mesmo bimestre deste ano, ou 20,2% a mais. Em financiamentos para investimentos, a alta foi de 34,0%, de R$ 2,72 bilhões para R$ 3,64 bilhões, conforme o Mapa.

O BB responde por 75% dos financiamentos no agronegócio nacional e antecipou 80% das contratações de crédito para custeio neste ano, isso no País. No Paraná, o volume chegou a 90%, de acordo com dados estaduais. Gerente de Agronegócios da Superintendência de Negócios, Varejo e Governo do BB no Paraná, Elondir José Biazibetti afirma que os número detalhados do Mapa mostram que a queda foi em bancos públicos e no custeio, justamente pela oferta da antecipação nesta safra. Tanto que o valor liberado nacionalmente para a safra 2015/2016 de verão foi de R$ 2,13 bilhões e a soma do pré-custeio com o custeio neste ano foi de R$ 2,40 bilhões, ou aumento de 12,6%. "O volume de contratação em bancos foi ruim em 2015, voltou a crescer em 2016, mas ainda está abaixo de 2014", diz.

A Caixa Econômica Federal (CEF) também passou a atuar no pré-custeio no fim do ano passado e atingiu alta de 8% na liberação de recursos entre julho e agosto deste ano em relação ao mesmo período de 2015. São 270 dias de antecedência para o produtor ter os recursos em mãos em relação à safra. "É para que o produtor tenha condição de negociar melhor a compra de insumos em momentos de preço mais baixo ou pouca demanda, por exemplo, além de ter a condição de pagar à vista e com desconto", diz o gerente da Plataforma Corporate na Superintendência Norte do Paraná da CEF, Luiz Gastão Pinto Junior. Ele lembra ainda que houve alta de juros, mas apenas um ajuste de mercado de em média 0,75 ponto percentual, que segue abaixo da inflação e da base dos juros, a Selic.

O assessor de negócios em Crédito Rural da Sicredi União PR/SP, Gilberto Rauber, informa que há um aumento de 15% na busca por custeio na instituição neste ano ante os mesmos meses de 2015. "Os associados que têm tradição de financiar com a gente sempre, além dos novos, estão buscando crédito do mesmo jeito. Os investimentos é que estão um pouco mais quietos pela situação da economia, que faz com que o agricultor tenha medo de fazer dívidas", conta. Para ele, não é viável arcar com os gastos iniciais da safra. "É difícil alguém estar capitalizado para usar somente recursos próprios. É preciso que um agente financeiro libere crédito para a compra de materiais como sementes e adubo."