Em 2015, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) apresentou dados sobre a dependência dos países frente à comercialização de commodities. Na época, o estudo apontou que 65% das exportações brasileiras estavam ligadas a esse tipo de produto.

Um mercado que hoje está balizado em transações mundiais e em bolsas de valores espalhadas pelo mundo. No mercado futuro, por exemplo, os participantes se comprometem a comprar ou vender certa quantidade de um ativo por um preço estipulado para a liquidação em data futura. Esse tipo de contrato acontece com elevado grau de padronização e liquidez. Por exemplo, os contratos de soja são balizados em 450 sacas de 60 quilos líquidos, na BM&F Bovespa.

Os negócio com o mercado futuro passam pela Bolsa de Chicago, no estado de Illinois, Estados Unidos. Tudo começou no ano de 1848, quando fazendeiros locais negociavam verbalmente com compradores. Com a evolução das transações, houve a necessidade de uma ambiente de negócios mais profissional para evitar problemas nas negociações. Surgiu então a Chicago Board of Trade (CBOT). Posteriormente, foi construído um prédio e, ainda que boa parte das negociações sejam eletrônicas, existem contratos que precisam de operadores (traders) "in loco".

Hoje, a BM&F Bovespa tem uma relação forte com Chicago. Formam-se no País os preços do mercado futuro para produtos como soja e milho baseados nos preços estabelecidos na Bolsa norte-americana. "As vendas e compras são feitas geralmente por grandes grupos, por isso é necessário essa regulamentação, principalmente de vendas futuras", explica o economista do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura (Seab), Marcelo Garrido.

Ele, de forma simples, relata no mercado futuro o "produto ainda não existe", ou seja, a safra está em andamento ou até mesmo antes do plantio, e as transações já estão acontecendo, em vencimentos que ainda estão por vir. "Isso tem riscos e benefícios. Quando há especulações e informações de problema de clima, quebra de safra, aumento ou diminuição de demanda, fatores políticos e econômicos acabam interferindo no mercado futuro. Dependendo do contrato, o produtor pode fechar bons negócios ou perder dinheiro". (V.L.)