O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, é favorável à autorização para que estrangeiros possam comprar terras no Brasil. No entanto, ele defende a adoção de restrições no caso das chamadas "culturas anuais", como soja e milho - dois dos principais produtos de exportação do Brasil. O receio é que fundos estrangeiros possam adquirir parcela substancial da área destinada a essas culturas e, em determinado ano, em função dos preços mais baixos no mercado internacional, decidam não plantar.

"Isso seria um caos para a economia, para os municípios, para os transportes, para todo mundo", afirmou o ministro. "Acho que esse é um ponto em que a gente tem que dar uma olhada. Agora, terras para culturas perenes, como café, laranja, cana e eucalipto, você não muda de um ano para outro. Se está ruim ou se está bom, você tem que trabalhar. É na média que vai o negócio", acrescentou.

Blairo acredita que as restrições em culturas específicas podem ser a solução para chegar a um acordo para aprovação da compra de terras por estrangeiros. "Não é proibir. Pode-se exigir uma produção anual ou que o produtor não pare de um ano para outro. Ou que ele tenha terras, mas arrende para brasileiros", exemplificou. "Me parece que quem é o dono da terra é o que menos importa. A terra é brasileira, está aqui, não vai embora, ninguém vai levar. O uso da terra é que importa nesse negócio."

A questão, no entanto, é polêmica e o projeto é alvo de críticas antes mesmo de ser apresentado. O líder do PT na Câmara dos Deputados, Carlos Zarattini (SP), afirma que a compra de terras por estrangeiros interessa aos especuladores. "O que interessa a esses empresários do campo é a especulação do valor da terra. Evidentemente, vindo interesses de fora, o preço da terra vai aumentar e, com isso, a compra e a venda ganham outra dinâmica, com outros valores", afirmou Zarattini.