Setor espera recuperação nos embarques dos países compradores e a abertura dos mercados de Taiwan, El Salvador e República Dominicana
Setor espera recuperação nos embarques dos países compradores e a abertura dos mercados de Taiwan, El Salvador e República Dominicana | Foto: Arquivo FOLHA



Produtores e entidades ligadas ao setor avícola não titubeiam em dizer: os equívocos nas generalizações na divulgação da Operação Carne Fraca deixaram, de imediato, marcas profundas no setor, seja junto ao público brasileiro ou aos mercados internacionais. O forte rebuliço causou impacto nas transações, mas no final das contas, os números fecharam razoáveis e há um cenário de fôlego para 2018.

De acordo com o Sindiavipar, até novembro os abates no Paraná estavam em 1,64 bilhão de cabeças e com expectativa de fechar o balanço com valores superiores aos 1,75 bilhão de 2016. Já as exportações no mesmo período estão em 1,46 milhão de toneladas e não devem chegar aos 1,55 milhão do ano anterior.

No Brasil, as exportações de carne de frango devem encerrar o ano com embarques de 4,3 milhões de toneladas (-1,48%), obtendo receita de US$ 7,2 bilhões (+6%). Para 2018, a expectativa de elevação entre 1% e 3% em volumes. Os números são da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal). Segundo a entidade, depois do susto de 2017 - com 77 países aplicando algum tipo de sanção às carnes de aves e de suínos do Brasil - o cenário é outro para este ano. Espera-se uma recuperação dos níveis de embarques para a União Europeia, de importantes mercados do Oriente Médio e da China, além de abertura dos mercados de Taiwan, El Salvador e República Dominicana.

O presidente do Sindiavipar, Domingos Martins, relata que os percalços da Carne Fraca e o mercado internacional menos aquecido atrapalharam a cadeia paranaense, mas afirma que o ano fechou positivo. "Se a exportação ficou similar a 2016, em valores tivemos um acréscimo próximo a 7%, e com uma melhoria no mix de produtos", avalia.

No que diz respeito aos avicultores integrados, Martins relata que eles estão cada vez mais profissionalizados e isso tem feito a diferença no setor. "Eles investiram em tecnologia, treinamento, ambiência... Muitos saltaram de 'galinheiro' para aviário. Um detalhe que as integradoras querem preservar esses bons produtores, porque senão perdem para as concorrentes."

Para 2018, a expectativa de Martins é uma retomada que depende muito de como o mercado internacional irá se comportar. "Todo o mundo muçulmano é um grande consumidor. Eles precisam estar bem para 'mordermos' uma fatia desse rendimento", explica Domingos, que também é proprietário de uma empresa. "Pretendo aumentar os aviários e dobrar o número de cabeças de 600 mil para 1,2 milhão."

Por fim, a expectativa é que a cadeia feche pelo menos com o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) do País. "O mundo vai continuar precisando de muito frango brasileiro. Nossa avicultura é competitiva, de produtividade boa e excelente condição sanitária. Ainda há muitas empresas nacionais que podem ser habilitadas para a exportação."

FAEP: NÃO PAGAM DESPESAS
Levantamento recente realizado pela Faep aponta que considerando apenas a renda com a venda dos frangos, 36% dos aviários pesquisados pagaram o custo total de produção. O que significa dizer que menos da metade dos produtores remunerou o custo do capital investido se comparado ao rendimento da caderneta de poupança.

Quando se considera o custo operacional, 64% dos aviários pesquisados tiveram margem positiva e se mantêm viáveis no longo prazo, provisionando recursos para cobrir a depreciação das instalações e equipamentos. No curto prazo, 94% dos 33 aviários analisados foram capazes de pagar o desembolso a cada lote, mantendo a viabilidade, porém sem capacidade de reinvestir. (V.L.)

Cooperativas projetam crescimento de 13%



Os números de crescimento não são tão pujantes como de anos anteriores, é verdade, mas as 220 cooperativas paranaenses mais uma vez mostraram a força do sistema e em meio a uma economia nacional arrefecida, fecharam 2017 com um leve crescimento de 1,8%, atingindo um faturamento de R$ 70,6 bilhões, montante R$ 1,3 bilhão superior ao ano anterior. Os números são da Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná).

A evolução um pouco mais tímida não muda em nada a projeção de atingir a marca de R$ 100 bilhões nos próximos anos, bem provavelmente pouco à frente de 2020. O presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, relata que as cooperativas vêm de uma sequência bem consolidada. "Lá em 2014 atingimos R$ 50 bilhões e neste momento veio a decisão de dobrar esse número. Em 2015 fomos a R$ 60 bilhões, 2016 atingimos R$ 68 bilhões, agora R$ 70,6 bilhões e para 2018 projetamos R$ 80 bilhões (crescimento de 13%). Está tudo dentro do esperado", explica Ricken.

No balanço final de 2017, o presidente salienta que o número foi superior ao esperado dentro da realidade vivida. "Para muitos setores zero a zero já era vencer o campeonato. Conseguimos crescer devido ao planejamento e uma direção bem clara. Houve investimentos que foram se consolidando (ao longo do ano)."

Para 2018, pontos importantes devem ajudar: uma melhor consolidação do mercado internacional e um consumo interno mais forte. "Com mais renda, haverá mais consumo de alimentos. Deveremos ter também uma recuperação de preços do milho, soja e também do leite, que estava no fundo do poço. Outro ponto que ajudará no faturamento é que o produtor não comercializou boa parte da safra nas cooperativas, gerando estoque. Isso deve ser vendido agora no início do ano e assim auxiliando no faturamento de 2018."

Por fim, apesar de esperar bons números para este ano, Ricken fez ressalvas em relação ao cenário nacional. "Nos preocupa muito a situação atual do Brasil, principalmente em relação à necessidade de melhoria na gestão dos bens públicos, de forma a garantir o futuro, e que se institua um modelo de profissionalização à semelhança do que ocorre na iniciativa privada, na qual há segregação do comando político da gestão profissional", diz ele. "O desejo é que sejam tomadas decisões em relação às reformas necessárias e que se equacionem as deficiências estruturais existentes, principalmente em relação à demanda por investimentos em infraestrutura tais como portos, ferrovias, rodovias, energia, dentre outras - origem dos custos elevados da logística que têm penalizado a nossa competitividade -, em especial para as comunidades mais distantes dos centros consumidores."

NOVOS COOPERADOS
Ainda de acordo com o dirigente, o cooperativismo, que hoje engloba mais de 1,5 milhão de cooperados, tem atraído cada vez mais pessoas ao sistema. "Em 2017, 84 mil pessoas se associaram às cooperativas. Dessas, 76 mil aderiram às de crédito e 7 mil produtores rurais se integraram às agropecuárias, que são responsáveis por quase 60% da produção do agronegócio em nosso Estado."

O presidente da Ocepar ainda destacou o desempenho do cooperativismo em diversos ramos, como o crédito, que já é responsável por R$ 37,6 bilhões em ativos. Na área de saúde, são mais de 15 mil associados, que congregam 33 cooperativas.