Já na alimentação de aves o volume de APC utilizado é de 280 miligramas por quilo de carne
Já na alimentação de aves o volume de APC utilizado é de 280 miligramas por quilo de carne | Foto: Arquivo FOLHA



O sistema de criação intensivo e eficiente na produção de aves e suínos colocou o Brasil e, principalmente os estados da região Sul, no topo produtivo do ranking mundial, inclusive com alta representatividade nas exportações de carne. Para isso, as boas práticas de produção e, claro, os aditivos melhoradores de desempenho são fundamentais, sejam eles antimicrobianos ou não.

Para o pesquisador especializado em nutrição da Embrapa Suínos e Aves, Fernando Tavernari, está mais do que comprovado que os antimicrobianos promotores de crescimento são muito bons e eficazes em melhorar o desempenho animal, mas a cadeia produtiva como um todo já vem numa caminhada há anos para deixar de utilizá-los, principalmente devido à pressão do mercado consumidor.

"Existem muitas controvérsias sobre o uso de antimicrobianos promotores de crescimento, os genes de resistência nas bactérias e o real impacto disto no consumidor. Pode ser que tenhamos mais problemas com o uso de antibióticos indiscriminados em seres humanos do que como uso de dosagens subterapêuticas na produção animal", diz ele. Porém, continua o pesquisador, essa é uma etapa que já foi superada. "Sabemos que esses antibióticos aos poucos serão retirados da produção, cabe a nós neste momento fazermos a lição de casa e aplicarmos as boas práticas na produção e buscarmos alternativas nas dietas".

O impacto dessa tendência sobre o custo de produção, é outra discussão, avalia Tavernari. "Há inúmeros aditivos melhoradores de desempenho que podem ser utilizados em substituição aos antibióticos, como os ácidos orgânicos, probióticos, prebióticos. Contudo, é muito difícil que eles tenham o mesmo resultado do uso dos antimicrobianos em dosagens subterapêuticas."

O Brasil, na visão do pesquisador, é altamente competente na produção animal e, em matéria de nutrição, é um líder. "Agora, será preciso colocar na ponta do lápis os custos dessas boas práticas e como isso refletirá no mercado consumidor."

Por fim, o pesquisador relata que o grande desafio é que os nutrientes não sejam excessivamente desviados para a defesa imunológica dos animais, mas depositado como proteína, para ganho de peso. "É por conta desse sistema intensivo que precisamos de boas práticas no manejo e uso de aditivos melhoradores de desempenho, sejam antibióticos ou não". (V.L.)