De acordo com a evolução econômica da população mundial e as consequentes mudanças de hábito alimentar e padrão de consumo, é possível projetar crescimento da demanda mundial de soja, tendo o Brasil como grande beneficiário. Uma das principais causas do aumento da demanda por soja está vinculada ao aumento do consumo de carnes, promovido pelo aumento da renda per capita das pessoas, particularmente as que habitam os países em desenvolvimento, onde se concentra o maior contingente de humanos. O volume das principais carnes produzidas no mundo (bovina, suína e aves) cresce continuamente desde meados do século passado, com maior incremento nas últimas décadas.

Sem necessidade de derrubar mais uma só árvore de sua imensa floresta amazônica, a área cultivada com soja no Brasil poderá crescer muito ainda, utilizando as terras agricultáveis disponíveis no bioma Cerrado ou recuperando áreas degradadas ou subutilizadas de pastagens perenes. O Brasil domina tecnologias para produzir soja com eficiência em regiões tropicais, onde o restante do planeta ainda é ineficiente.

Três países (Estados Unidos, Brasil e Argentina) respondem por mais de 80% da produção e das exportações mundiais de soja. No médio prazo, os Estados Unidos terão dificuldades para expandir a cultura, pois isto depende de trade-offs entre culturas. Trigo, algodão e girassol já cederam espaços para a soja. Outros cultivos só farão o mesmo, se isto for vantajoso para o seu produtor.

A Argentina, terceiro maior produtor mundial, possui como vantagens comparativas a terra fértil, a proximidade dos centros de produção com os canais de escoamento e de processamento. Entretanto, pesa em sentido contrário, o esgotamento das áreas mais férteis e próximas dos portos e centros de processamento. Poderá incrementar a área cultivada com soja, mas longe dos portos e explorando solos muito menos férteis que as tradicionais pradarias do ecossistema denominado de Pampa Húmeda. O custo de produção aumentará e o de logística de transporte e armazenamento, também.

O Brasil, por sua vez, pode expandir sua produção incorporando áreas com explorações pouco produtivas. Portanto, a vocação do país para se tornar o principal fornecedor da demanda adicional futura do produto ocorre pela falta de competidores que possuam simultaneamente duas vantagens competitivas vitais para o agronegócio: eficiência tecnológica e terras agricultáveis disponíveis.

Concernente à expansão territorial do grão, as novas fronteiras agrícolas brasileiras, localizadas no Centro-Oeste, no Extremo Sul e na região denominada MATOPIBA (acrônimo para Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, estados que possuem municípios na região), deverão responder pelo acréscimo de produção, sem a necessidade de desmatamentos e com impactos ambientais positivos, como a recuperação da capacidade produtiva dos solos em áreas de pastagens degradadas.
No que diz respeito à demanda pela soja, em virtude do crescimento econômico e populacional dos países em desenvolvimento, é previsto um aumento significativo no consumo de carnes nas próximas décadas. Com tal perspectiva, segundo a FAO, a produção de carne precisará quase dobrar até 2050 para atender a demanda mundial.

Agradecido, o Brasil está preparado para aumentar a produção e atender essa esperada demanda, quando ela vier.