Imagem ilustrativa da imagem À mercê do mercado
| Foto: Fotos: Sérgio Ranalli
Criador de aves na região de Apucarana, Osvaldo Bueno acredita que poderia receber mais das integradoras
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Como suinocultor independente, Divaldo Pizaia, de Cambé, teme pela falta de milho no mercado para ração



Os criadores paranaenses afirmam que o valor pago pelas integradoras mal cobre os custos que têm na avicultura e na suinocultura. A disparada no preço do milho fez com que alguns desistissem da atividade e se dedicassem a outras culturas, enquanto outros se veem presos devido a investimentos feitos anteriormente.
Criador de aves na região de Apucarana, Osvaldo Bueno acredita que poderia receber mais das integradoras. Ele diz que a remuneração está equivalente ao que ganhava no ano passado, entre R$ 0,60 e R$ 0,70 por cabeça. "Eles dizem que dariam mais um pouco se o milho estivesse mais em conta, mas não abrem para a gente quanto gastam com a ração ou como funciona a conta", diz.
Há 13 anos na atividade, Bueno cria cerca de 15 mil aves por lote, em até seis lotes e meio ao ano. No Sítio Nossa Senhora de Aparecida, ele não tem financiamento para quitar ou funcionários, contando com a ajuda apenas do filho. Caso precisasse de mão de obra ou crédito tomado no banco, estima em R$ 0,85 ou R$ 0,90 o valor necessário para cobrir os custos. "Não tenho como mudar de ramo, porque o investimento foi alto no barracão, então eles dizem que vai melhorar e vamos levando", conta.
Como suinocultor independente, Divaldo Pizaia, de Cambé, teme pela falta de milho no mercado para ração. "Estamos em safra e melhoro um pouco, mas o preço ainda está muito ruim e dificulta", conta. Na Granja Maracaju, ele mantinha milho para três meses, mas viu as reservas terminarem e os custos e valores que recebe por quilo se aproximarem, em torno de R$ 3,80. "Quando está equiparado, por mais que você tenha a impressão de que empatou o dinheiro, você acaba perdendo porque vai precisar comprar mais ração a preços altos", completa.
Pizaia faz todo o circuito de criação e mantém 1,2 mil cabeças. Ele cita que já chegou a ter 180 matrizes, mas que hoje tem 110. Em 2003, ele diminuiu o número e depois não conseguiu mais fazer a reposição.
O criador cambeense também reclama da integração, porque diz que se tornaria um empregado sem qualquer direito trabalhista. "Acho uma exploração. Já fui criador de frango e sei que as exigências vão sempre aumentando e você não consegue continuar a investir com o valor que pagam", explica. "Vou me manter porque gosto do que faço, mas não vou fazer dívida para continuar e, se o mercado não mudar, os pequenos vão quebrar", encerra.

DESISTÊNCIA
O agricultor Vandir Valdes Vila se diz praticamente fora da suinocultura. Depois de oito anos com produção em três propriedades no Estado, ele diminuiu neste ano o número de animais para 1,6 mil. "E vamos diminuir mais. Tinha 7 mil cabeças e fechamos duas granjas. Só não fechamos a outra porque precisamos para consumir o soro do laticínio", conta o produtor de Rosário do Sul, que vai se dedicar a outras culturas.
Vila não tinha matrizes, apenas pegava leitões para engorda e era independente. Porém, cita que mesmo os integrados que conhece não estavam aguentando os custos. "Já esteve em R$ 4,80/kg para vender e derrubaram o valor no ano passado, mesmo com a alimentação que só sobe", diz. "O Brasil não é um país próprio para produtores, mas para agiotas", reclama.