Depois de alguns anos morando no exterior e trabalhando para os outros, o empresário Cezar Torres Filho decidiu que estava na hora de voltar para o Brasil e montar o próprio negócio. "Mas não foi assim de uma hora para outra, foi bem pensado", conta sobre os pelo menos seis meses que planejou o retorno.


Mais do que trocar de país, Torres também buscava uma mudança de carreira e isso envolvia dedicar-se mais à música. "Enquanto ainda não consigo viver só de música, me apresento como empresário", avisa. De qualquer forma, ele também é o empresário da banda Lobisomem, o projeto lançado este ano, mas que vem sendo gerado desde julho do ano passado, quando voltou a Londrina.

"À medida que meu gosto pela administração tradicional foi declinando e o gosto pela música e literatura foi subindo, pensei em aliar os dois conhecimentos", explica. Ao lado do guitarrista Henrique Medina e do baterista Luciano Galbiati, Torres lançou a banda de um jeito todo próprio, criando uma estratégia de divulgação. No caso, o trio optou por trocar os palcos físicos pelas redes sociais.

"A gente prefere focar na web porque temos outros trabalhos, família, e não temos tempo de tocar em bares. Até porque a proposta da banda é focar no autoral. Seria menos eficiente ficar ensaiando para tocar nos bares, muitas vezes de graça. Então preferimos criar conteúdo para web e marcamos presença forte nas mídias sociais, comparável com bandas que estão há mais tempo tocando", explica.

O material que eles vêm criando e produzindo nos últimos meses está sendo enviado para festivais de música autoral espalhados pelo Brasil, à espera de convites para apresentações. "Minha ideia é criar música, produzir, lançar e viver de música", avisa. Toda semana a banda lança uma arte nova e uma chamada em vídeo, publicadas na página do Facebook e no canal do YouTube. E a cada 15 dias, os fãs são agraciados com um vídeo gravado em estúdio.

"O bom da banda é que todo mundo é funcional e cada um ocupa mais de um papel. Eu não sou só letrista, o vocalista e instrumentista. Sou também empresário e ajudo na produção. O guitarrista Medina também é designer e faz toda a identidade visual, o baterista Luciano é o técnico de som, ele é o alquimista da mesa de som", explica Torres. Em uma banda convencional, seriam pelo menos seis ou sete pessoas trabalhando. O jeito Lobisomem, segundo o vocalista, imprime mais dinâmica ao trabalho. "E mantemos o projeto aquecido", avisa, considerando que na internet, conta muito a regularidade na frequência de publicações.

Além de não ter seguido um exemplo de outra banda na maneira de se divulgar, a Lobisomem também aposta na originalidade do som. "É rock’n’roll brasileiro, mas é difícil de comparar. É bem diferente de tudo", avisa o vocalista. Já o nome da banda tem um explicação histórica. "Cresci no campo, longe da civilização, digamos. Lá tinha muito folclore e aquilo era muito vivo na minha cabeça. Então tinha muito medo do lobisomem. Ia brincar, mas voltava correndo para casa quando o sol começava a se por. Com o passar do tempo, percebi que o lobisomem representava não só aquele medo infantil, mas tudo aquilo que me segurava para não fazer o que realmente queria, que era fazer música. Então eu vi que para não ter mais medo era assumir que eu era o lobisomem", diz.