Imagem ilustrativa da imagem Sustentável e rentável
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Além de meio de transporte, de lazer e também uma forma de cuidar da saúde, a bicicleta pode ser um excelente negócio. A paixão do brasileiro pela bike pode ser percebida nas ruas e também nos números. Segundo dados da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), a frota de bicicletas hoje é de mais de 70 milhões, contra 25 milhões de motos. Somos o quarto maior produtor mundial, com produção anual de 2,5 milhões de unidades, excluindo-se os modelos infantis, que são considerados brinquedos. As associadas da Abraciclo projetam para 2017 uma produção total acima de 700 mil unidades, volume cerca de 19% superior ao do ano passado.

Mas a bike não é algo rentável apenas para quem vende peças e acessórios, além dos próprios veículos. Outros tipos de serviço podem ser agregados às "magrelas", principalmente em tempos de preocupação com o meio ambiente e a mobilidade urbana.

Há cinco anos o engenheiro Rafael Sanches Freitas da Silva inaugurou em Londrina o Bike in Box, sistema de aluguel de bicicletas. Ele conta que a ideia surgiu durante sua lua de mel, em Paris, ao locar bikes para passear com a esposa pela cidade. "Quando voltamos ao Brasil começamos a pedalar juntos, algumas vezes eu convidava um amigo que dizia que gostaria de ir mas não tinha bicicleta, ou não tinha como transportá-la. Como eu trabalhava no Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), resolvi fazer a lição de casa e abrir o meu negócio. Do planejamento à inauguração foram dez meses, sendo que escolhemos abrir no Dia Mundial sem Carro, 22 de setembro", conta.

Silva começou com 30 bicicletas, foi aumentando e hoje tem 45. Todas são em tamanho padrão para adultos e, além delas, oferece também cadeirinhas para bebê. De acordo com ele, todos os equipamentos passam por manutenção periódica para garantir a segurança durante o uso. O empresário explica que não tem bikes para crianças por se tratar de um material mais frágil, já que os pequenos crescem rápido e também porque não há demanda. "A bicicleta infantil cabe mais facilmente no carro, então os pais costumam trazer as dos filhos e alugar conosco uma para eles."

Entre os clientes há pessoas de todas as idades, com foco maior nos adultos que não têm espaço em casa para guardar uma bicicleta, não querem ter que se preocupar com manutenção ou ainda que não têm como transportá-la no carro. O empresário explica que cerca de 70% dos clientes são mulheres, com faixa etária predominante entre 22 a 45 anos e moradores de todas as regiões da cidade.

Além de uma forma de lazer, pedalar também contribui com o meio ambiente. Pelas contas de Silva, até a primeira quinzena de setembro foram percorridos com suas bicicletas 648 mil quilômetros, o que significa que deixaram de ser emitidos 1.783.000 milhão de quilos de dióxido de carbono, em comparação a um carro popular.

Mais comum nos grandes centros, a entrega de encomendas por bicicletas chegou a Londrina. Veja vídeo utilizando a tecnologia da Realidade Aumentada
Mais comum nos grandes centros, a entrega de encomendas por bicicletas chegou a Londrina. Veja vídeo utilizando a tecnologia da Realidade Aumentada | Foto: Anderson Coelho



Rápidas e ecológicas
Que tal entregar seus produtos usando uma bicicleta? À primeira vista pode parecer meio absurdo, em tempos de urgência, preferir a bicicleta em detrimento das motos, porém, empresários e clientes preocupados com o meio ambiente estão buscando alternativas mais ecológicas e neste quesito as bikes saem na frente. Aliás, há quem diga que os ciclistas podem ser tão rápidos quanto seus colegas de moto, chegando a ter vantagem em determinados horários. O novo negócio já foi colocado em prática em várias cidades e em Londrina há um ano foi inaugurada uma unidade da franquia curitibana Ecobike Courier.



Jhony Beluzzi, proprietário da unidade, conta que tem entre seus clientes restaurantes, cooperativas e lojas de produtos naturais entre outros, além de clientes avulsos que pagam por entregas esporádicas. "São dois perfis (de clientes). As grandes empresas que se preocupam com a sustentabilidade e os microempreendedores, que às vezes têm receio de contratar um motoboy logo no início."

Atualmente são dez entregadores, mas a expectativa é elevar o número de prestadores de serviço a 50, que devem passar a atuar em sistema semelhante ao dos aplicativos de transporte, sendo chamados quando necessário. Os interessados em ser um biker devem ter experiência em pedalar, ser maior de 18 anos e ter bicicleta própria.

"Temos clientes que contratam um biker fixo para determinados horários, como o almoço. E temos outros que fazem os trabalhos avulsos. Pesquisas mostram que em um raio de três quilômetros a bicicleta é mais rápida de que a moto, mas nosso raio máximo de entrega é de cinco quilômetros, sendo que cobrimos 90% da cidade", explica.

Os clientes podem fazer a solicitação via telefone ou por aplicativo, sendo que pelo último é possível receber um protocolo de entrega.