Sem segredo

Um piso brilhante, sem rejuntes e sem geração de resíduos na aplicação, o porcelanato líquido chegou recentemente ao Brasil e já está conquistando seu espaço. Um dos seus principais atrativos dessa técnica norte-americana é a possibilidade de acrescentar desenhos variados no formato 3D, como o fundo do mar e jardins, além de efeitos marmorizados entre outros, tudo de maneira bastante prática.

Apesar da aparência espelhada e rígida, o porcelanato líquido é uma resina. Silvio Prizibela, coordenador do curso de Arquitetura da Faculdade Estácio, em Curitiba, explica que atualmente é possível fazer o piso usando poliuretano, epóxi ou uretano e a escolha entre eles deve levar em conta o local de aplicação. Por não ter rejunte, além do uso residencial, o porcelanato líquido também é bastante indicado para locais que precisam de limpeza constante, como hospitais e cozinhas.

"O poliuretano suporta melhor variações de temperatura e por isso é indicado para uso externo. Também resiste melhor a trincas e rachaduras. Já o epóxi é mais indicado para uso interno. O uretano pode ser utilizado em base mais úmida e é indicado tanto para ambientes internos quanto externos, com o cuidado de não ficar exposto diretamente ao sol, já que não suporta os raios ultravioleta. Suporta mais abrasão e química, mas não tem muitas cores disponíveis", afirma.

Além da diferença quanto ao uso, as resinas também são aplicadas de formas distintas. O poliuretano é aplicado com um rolo semelhante aos usados para pintura. Para ser aplicado sobre outro piso, portanto, é necessário primeiramente fazer o nivelamento da superfície, cobrindo os espaços de rejunte entre uma peça e outra do revestimento anterior. Já o epóxi e o uretano são chamados de autonivelantes por dispensarem esse procedimento. A resina é espalhada com uma espécie de rodo, preenchendo os espaços.

Apesar da aparência espelhada e rígida, o porcelanato líquido é uma resina. Atualmente é possível fazer o piso usando poliuretano, epóxi ou uretano | Foto: Shutterstock

CURSOS
Celso da Silva, de Londrina, aprendeu a trabalhar com o porcelanato líquido há muitos anos, quando morou nos Estados Unidos, e hoje dá cursos sobre o assunto. De acordo com ele, ainda são poucos os profissionais que dominam a técnica e pequenos segredos fazem a diferença no resultado final. Ao trabalhar com a resina epóxi, por exemplo, ele ressalta a importância de usar calçados especiais para não marcar a resina, saber manipular o material e ter cuidados durante a aplicação, para não formar bolhas no piso.

"É uma técnica que exige conhecimento técnico, por isso não recomendo que a pessoa compre os materiais e faça em casa. Mesmo nos cursos, muitos não ensinam como trabalhar em grandes superfícies. Outro detalhe, como aplicar um primer e lixar a superfície antes de aplicar a resina, também faz a diferença no resultado final e nem todos sabem disso", alerta.

Efeito flocado torna o piso antiderrapante
É possível fazer a aplicação do porcelanato líquido sobre praticamente todo tipo de superfície, apenas não sendo recomendado sobre madeira e laminado de madeira. "Ela pode dilatar e trincar o revestimento", afirma Silvio Prizibela.

Após a aplicação da resina é preciso esperar cerca de 48 horas para a secagem. Por ter um pouco de odor e para secagem completa, a recomendação é que o espaço seja ocupado após uma semana. A limpeza é bastante simples e, segundo Celso Silva, que ministra curso sobre o assunto, requer apenas água e detergente neutro. O porcelanato líquido é resistente a manchas e também a impactos, como a queda de pequenos objetos.

Além do efeito liso, Prizibela aponta que é possível criar o efeito flocado, que torna o piso antiderrapante. Já o efeito 3D pode usar imagens plotadas ou resinas de outras cores.

"No caso das imagens plotadas, depois de pronto o piso aplicamos o desenho e por cima colocamos uma resina incolor. Já no caso dos desenhos, vamos colocando resina de outras cores e desenhando. Outra possibilidade, para quem quiser mudar a cor do piso, é simplesmente aplicar a resina de outra cor por cima. As camadas são bastante finas, acrescentando de um a três milímetros na superfície", explica Celso Silva.

O mesmo recurso pode ser usado no caso de trincas no piso. Ao invés de ter que trocar todo o revestimento, ou quebrar determinada peça e ter que buscar outra igual para substituição – o que muitas vezes se torna inviável -, no uso do porcelanato líquido basta reaplicar a resina para ter um piso novo. (E.G)