O professor Nenê Jeolás costuma presentear adultos e crianças com a obra "O fazedor de velhos", de Rodrigo Lacerda
O professor Nenê Jeolás costuma presentear adultos e crianças com a obra "O fazedor de velhos", de Rodrigo Lacerda | Foto: Saulo Ohara



Na casa da família Jeolás, o amplo acesso aos livros sempre foi natural. Por isso, os quatro filhos do médico Luiz Carlos Jeolás criaram intimidade com a literatura ainda na infância. Hoje levam a vida de forma independente e até em cidades diferentes. Mas o hábito de trocar informações sobre histórias permanece na rotina, com muitas conversas sobre o assunto pessoalmente ou por telefone e redes sociais.
"A troca entre a gente é constante, muitas vezes no meio do dia chega uma mensagem de um irmão avisando sobre algum livro incrível", conta o professor Nenê Jeolás, que ensina fotografia, mídias e crítica de arte na Universidade Estadual de Londrina (UEL). Em razão da profissão, ele atualmente se dedica principalmente às leituras voltadas aos estudos. "Meu companheiro lê muitos romances, então acabo sabendo de boas histórias através dele. Na aposentadoria pretendo me dedicar mais à literatura. O bom é que já temos uma boa biblioteca", diverte-se.



Como todo leitor que gosta de recomendar livros, ele tem uma obra que sempre dá de presente. Trata-se de "O fazedor de velhos", de Rodrigo Lacerda, com quem presenteia adultos e crianças. "Esses dias mesmo dei para uma sobrinha de 11 anos, que está começando um blog", conta.
Das histórias da infância, ele lembra que ao reclamar que os pais falavam muito de política, foi presenteado pela mãe com a obra "O Capital", de Karl Marx, na versão em quadrinhos. "Me interessei pelo tema e fui buscar outros títulos. "Li ‘A história da riqueza do homem’ e não parei mais", relata, exemplificando o envolvimento sutil dos pais no incentivo ao gosto pela leitura.
Como tem irmãos em São Paulo, ele viaja sempre para a capital paulista e não deixa de levar alguns títulos na mala para compartilhar. Volta de lá, também, com muitas novidades na bagagem. E na casa da família na praia, é comum deixar títulos espalhados para a própria família e os hóspedes terem acesso. Na praia, aliás, ele se lembra de uma tradição familiar em torno dos livros de Agatha Christie. "Era nossa leitura de férias. Tínhamos um pacto para ninguém revelar detalhes das histórias a quem não tinha lido. Éramos umas 15 pessoas e o ritual, depois do almoço, era ler jornal e os livros. Depois tinha o momento de comentar sobre os artigos, debater...", recorda.
Como consegue ler tranquilamente no celular, Nenê distribuiu alguns tablets para os irmãos, pensando na facilidade de leitura de e-books oferecido pelos dispositivos. "A tecnologia também facilita a leitura", comenta ele, que é generoso em relação a empréstimos. "Vivo emprestando livros para os alunos. Para ter controle, tiro uma foto deles segurando a obra e deleto quando me devolvem", explica. (C.A.)