Imagem ilustrativa da imagem Prática ancestral
| Foto: Fotos: Anderson Coelho



Um aparelho de som toca uma música baixa. A luz que entra vem das duas janelas abertas que dão de frente para uma movimentada rua no centro da cidade. De dentro, apenas calmaria. Na sala, fumaça, cristais, planta, sobre o tapete decorado. As duas sentadas no chão, uma de frente para a outra, olhos fechados e o tambor a tocar a ancestralidade da prática. "Terra, meu corpo. Água, meu sangue. Ar, meu alento. Fogo, meu espírito", canta a terapeuta holística Maíra Motta.

O xamanismo é uma prática ancestral. "Os homens primeiros eram conectados com a essência da natureza, tinham conhecimentos sobre ervas, medicina, respeito, conexão com os animais e a relação e missão que esses animais têm com esse planeta", explica a terapeuta. Embora os índios tenham sido coagidos, muitos extintos, a essência permaneceu e hoje se atinge essa nova possibilidade de ativar a parte xamânica do homem.

Para Motta, o xamanismo promove o resgate da alma e poder pessoal ao preencher as lacunas. "É lembrança ancestral, ele pode ser resgatado do nosso DNA", explica. Os xamãs, responsáveis pela cura, têm o conhecimento para atravessar dimensões do ser. Unindo às técnicas do reiki (reiki xamânico estelar), como ela faz, tem a função de trazer a consciência multidimensional, faz a limpeza energética e a expansão da consciência de cada participante.
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A terapeuta holística Maíra Motta atende Denise Bernaduce com o reiki xamânico. "Não é necessário acreditar para receber os benefícios, tem que estar disposto a se autoconhecer"



Por ser uma técnica alternativa, algumas pessoas olham com resistência para a autoanálise, mas Motta acredita ser um processo natural do ser. "Não é necessário acreditar para receber os benefícios, tem que estar disposto a se autoconhecer", indica. Foi o que fez Denise Bernaduce. A instrutora de yoga sempre olhou com neutralidade para o tratamento, mas não imaginava que os resultados seriam rápidos e eficientes, como ela descreve.

"Eu me senti menos acelerada, porque a rotina diária, independentemente da função de cada um, é muito corrida. Eu trabalho três períodos por dia, tenho casa, família. Eu estava precisando de ajuda extra para desacelerar e me manter energizada", conta. Bernaduce é atendida uma vez por semana e indica para todos. "É como se você descobrisse um restaurante bom e quisesse que todos experimentassem", compara.

A instrutora de yoga afirma que pelo alinhamento dos pensamentos consegue resolver problemas com mais facilidade. "Quando você está calmo, a visão de mundo é diferente. Tudo é possível de se resolver", afirma.



Motta também entrou no mundo do xamanismo de paraquedas e nele se entregou. Trabalhava antes como designer, e sempre buscava respostas para questões que tinha. "Fui indicada por uma amiga e foi um encontro", conta. A intenção era buscar entender a conexão do lado espiritual com a natureza.

Com os estudos finalizados, aprendeu outras linhas do xamanismo e cocriou alguns cursos na área. Em 2016, abriu o espaço de atendimento em reiki xamânico e reiki usui, meditações guiadas, reprogramação mental e quântica, terapias florais, práticas bioxamânicas, canalizações e orientações através de cartas.

"Eu acredito que seja um chamado espiritual para meu autoconhecimento. Encontrei vários mestres no caminho que apontaram meus dons e fui olhando como propósito de aprimoramento para minha vida. Hoje faz parte do meu desenvolvimento espiritual. É minha missão ampliar a consciência", explica.

Cautela ao usar as ervas
"A diferença entre o remédio e o veneno é a dose", diz a frase atribuída a Paracelso, médico e físico do século 16. Na fitoterapia, não é diferente. O alerta vem do farmacêutico Renê Oliveira do Couto, professor do curso de Farmácia da UEL (Universidade Estadual de Londrina), que recomenda cautela ao usar as plantas, principalmente para quem já faz uso de outros medicamentos.

Ele explica que as plantas podem ser usadas tanto para fabricar medicamentos homeopáticos quanto alopáticos, mas a fitoterapia se vale do princípio alopático, ou seja, da cura pela diferença, portanto, todo medicamento fitoterápico é alopático. "O medicamento é aquele tecnicamente elaborado – seja pela indústria farmacêutica ou pela farmácia de manipulação -, e remédio é o nome que damos para os preparos caseiros, como os chás", diferencia.

Segundo ele, o uso de plantas pode ser benéfico, desde que seja feito corretamente. Apesar de serem naturais, os preparados fitoterápicos também podem causar efeitos colaterais e interações medicamentosas, por isso a importância de buscar a orientação de profissionais especializados como médicos, farmacêuticos, dentistas e nutricionistas, que tenham a formação adequada na área.

Gestantes, idosos e crianças devem ter cuidado especial ao usarem fitoterápicos, assim como pessoas que fazem uso de outros medicamentos. "Estão muito na moda os sucos verdes e termogênicos, mas canela e gengibre podem ser muito perigosos para gestantes. Pessoas hipertensas também devem ter cuidado com o uso de alecrim ou alfavaca, mesmo que na forma de tempero, caso a quantidade seja muito grande", alerta Couto.

Bastante comum, a erva-de-são-joão pode interagir com os anticoncepcionais, anulando seu efeito. Já quem usa antidepressivos deve tomar cuidado com valeriana ou maracujá, que podem potencializar os efeitos dos outros medicamentos. O uso de varfarina também exige atenção porque a substância interage com várias outras, segundo o farmacêutico.

Ele alerta também que algumas dessas ervas não devem ser usadas por tempo prolongado sem o acompanhamento adequado. "A cáscara-sagrada é laxativa e se usada por muito tempo pode causar a perda da funcionalidade do intestino. As pessoas precisam entender que não é porque é natural que não oferece riscos. Alguns medicamentos sintéticos – o que as pessoas costumam chamar de alopáticos - podem causar menos mal do que alguns fitoterápicos", alerta.

Para quem deseja buscar tratamento de forma mais natural, o farmacêutico recomenda atenção ao utilizar as ervas, se certificando de que a espécie escolhida é a correta.

"Também é preciso cuidado com a qualidade sanitária, ervas expostas na rua podem estar contaminadas com urina de animais e fumaça dos carros. Por isso recomendo que a pessoa verifique sempre a procedência de onde adquire as plantas, se tem certificação. Cuidado ao comprar em feiras livres e mercados, procure ervarias com registro da Vigilância Sanitária. Outra opção é plantar suas próprias mudas, seja em vasos ou canteiros. Em Londrina, a UEL é uma referência para o uso racional das plantas medicinais", aponta.