Na nossa fé cristã professamos que Deus criou o céu e a terra. A terra era como um grande jardim, onde tudo produzia à subsistência do ser humano, bem como o lugar do encontro cotidiano com Deus, tudo em profunda harmonia, a vida era em abundância. Mas, a ganância do ser humano fez com ele se afastasse de Deus, indo ao encontro da morte.

Deus que nos ama com um amor eterno, não nos abandona. Ao longo da história da salvação, fez várias alianças com a humanidade. Na plenitude dos tempos enviou seu filho a nós, este desceu à nossa condição humana com a missão de nos resgatar definitivamente para a vida, não foi aceito e foi pregado na cruz.

Mas Ele ressuscitou, porque Deus sempre vence. "Por que procurais Aquele que vive entre os mortos? Ele não está aqui; ressuscitou". (Lc 24,5-6).

Portanto, para celebrar bem a Páscoa somos convocados a uma peregrinação de quarenta dias de retiro, oração, jejum e caridade para uma verdadeira mudança de vida tanto pessoal quanto comunitária.

A Páscoa é a maior e a mais importante festa das nossas vidas, pois celebramos a vitória da vida sobre a morte. Quando tudo parece ter chegado ao fim, quando não tem mais jeito, olhamos para Jesus na cruz e temos a certeza de que a cruz é a porta para a Páscoa, ou seja, para a vida.

Nesta celebração cantamos as vitórias de Deus com seu povo ao longo da história da salvação, na certeza que Ele continua a ser o nosso vencedor nos sinais de morte que a sociedade nos apresenta.

É por isso que a Páscoa se prolonga para cinquenta dias para saborearmos aqui na Terra as alegrias do céu. É um tempo de alegria verdadeira, pois entre tantos que ainda continuam gritando ‘crucifica-o’, milhões cantam a ressurreição da vitória do Senhor que jamais nos deixa, pois Ele é o Alfa e Ômega de nossas vidas.

É uma caminhada para vivermos interiormente a morte e ressurreição de Jesus que se renova a cada vez em que a comunidade, corpo de Cristo pelo batismo, se reúne para atualizar em sua vida este grande dom de Deus. Cada domingo torna-se assim nossa Páscoa semanal. Somos plasmados por este mistério, até o dia que juntos seremos plenamente glorificados no Cristo Glorioso e assim celebraremos a Páscoa definitiva na Jerusalém celeste.

A Páscoa não é só comer chocolate, uma festa, um feriado prolongado; mas é verdadeiramente um modo de se viver, é a certeza que Jesus é vitorioso sobre a morte. Por isso trouxe àqueles que creem a verdadeira claridade da luz: "vós sois a luz do mundo" (Mt 5,14).

É por isso que em cada celebração pascal, vivemos os mesmos ritos, as mesmas leituras, os mesmos gestos, mas em condições diferentes, porque nosso interior deve estar preparado para acolher os sinais de eternidade nos dias atuais. É um rito de passagem, é saída de uma condição para outra, sugere uma mudança de vida.

Celebrar verdadeiramente a Páscoa é ressuscitar a cada ano com Jesus. É sair da condição de menos vida – morte – para uma condição de mais vida. É libertar-se do egoísmo, do ódio, do desejo de vingança, da indiferença, da opressão, de um sistema que visa o lucro de alguns à custa de muitos.

É ter uma vida digna com direito à aposentadoria. É o respeito para com cada pessoa humana na sua integridade. É acolher o migrante com sua cultura. É cuidar da nossa casa comum...

Padre Joel Ribeiro Medeiros, coordenador da Ação Evangelizadora e Assessor de Liturgia da Arquidiocese de Londrina