Os momentos de crise como o que vivemos são, por princípio, propícios a se repensar nossas ações, sob uma nova ótica, analisando melhor as causas e efeitos. É a hora de se aguçar o senso de oportunidade.

As atividades de rotina apresentam um grau de inovação e variação muito curto. Hoje em dia, o mundo não tem mais tempo para isso. A velocidade e a tecnologia nos trazem novos sentidos para a inovação e oportunidade.

Isso é tão forte que sustentabilidade não é mais senso de oportunidade: ou a empresa é sustentável ou está literalmente fora do mercado. E, sustentabilidade não só em sua natureza ambiental, mas, no mundo corporativo, da ética, compromisso com clientes, fornecedores e consumidores. A sociedade está muito vigilante e qualquer risco que possa acontecer, irá saber rapidamente e se manifestar.

Um exemplo é o que aconteceu com a PricewaterhouseCoopers (PwC) ao trocar os envelopes na cerimônia do Oscar. A empresa pode até tentar justificar, mas depois de 80 anos de trabalho para conquistar um destaque global, acabou levando uma grande lavada. A sociedade não perdoa este tipo de lapso. As empresas têm que fazer esta gestão de riscos.

O último Carnaval também foi significativo. É um momento de festas populares, mas, na prática, a sociedade se manifestou sobre uma série que questões políticas que mostram suas expectativas e exigências para o presente e futuro.

O que falta para o país avançar de verdade é o surgimento de novos líderes. Historicamente, o Brasil tem uma exigência pequena quanto a isso, a renovação política é quase inexistente e a cultura de formação política ainda é fraca.

A questão da sucessão também se traduz na educação, que é ultrapassada. O que está aí é corroído. Precisamos de inovação, novas formações e modelos educacionais mais avançados.

É fundamental preparar nossos educadores e líderes estudando melhor o que o mundo está produzindo nisso. Não estou falando de passar a vassoura na estrutura existente, mas encontrar nossa capacidade de construção de soluções inovadoras.

Tudo isso pressupõe a realização de ações locais e atitudes concretas. Se ficar só no discurso ou no planejamento, não vai ser percebido na sociedade e não terá efeitos positivos.

Para que a mudança aconteça de fato, precisamos passar por três estágios. O primeiro é o da sensibilização: se as pessoas não estiverem sensibilizadas, a inovação não vai significar nada para ela. O segundo degrau é o do conhecimento; é preciso aprofundar o conhecimento, de forma concreta, para gerar impactos e mudanças. E o terceiro é sobre o papel de cada um nesta história toda. Precisamos de modelos, exemplos e inspirações para alcançar iniciativas inovadoras.

Não vamos mudar da noite para o dia, mas precisamos que nossas organizações atuem em rede, próximas das pessoas e buscando melhoria e inovação. Assim é que vamos alcançar resultados de alto nível e pessoas felizes. Este é o objetivo!

Norman de Paula Arruda Filho, presidente do Isae/FGV