As deusas são arquétipos. Cada uma delas representa uma potência que existe em nós mulheres. As deusas Ártemis, Atena e Héstia são deusas virgens porque se mantém potentes no mundo dos homens. Hera, Deméter e Perséfone são vulneráveis, porque experimentaram a impotência, mas, reagiram a seu modo.

E a deusa Afrodite é reconhecida como alquímica, porque representa o instinto de sensibilidade afetiva, podendo ser ora de um jeito ora de outro no intuito de ver e de fazer brotar no outro sua beleza própria.

Ártemis é a deusa da Lua e da caça, protege as mulheres e as crianças, bem como os animais e sua cria. Psicologicamente, representa o instinto de solidariedade entre as mulheres. Enleva o espírito de irmandade e de cooperação. Atena é aquela que representa nossa sagacidade intelectiva, alcançando grande eficiência em estratégias. Atena é amante da vida urbana e das grandes edificações humanas, como ciência e tecnologia. A deusa Héstia é representada pelo fogo da lareira, o fogo tênue, aconchegante e caridoso, enfim, o amor em sua maturidade e serenidade. Os laços afetivos já consolidados que não mais necessitam de competições.

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A deusa Hera é a esposa de Zeus, ela é a rainha do Olimpo. Representa nosso instinto gregário, o desejo de união estável e duradoura. É Hera que nos ensina a se comprometer e também nos dá a sensação de pertencimento.

Deméter é a deusa do cereal, da colheita e da fertilidade. Ela representa nosso instinto materno que deseja alimentar, cuidar e manter sobre segurança a vida que existe. Representa toda a abundância de nosso instinto de benevolência e magnanimidade.

A deusa Perséfone é a filha de Deméter que foi capturada pelo deus Hades, deus do inferno, onde se tornou a rainha do inferno e a guia das almas. Perséfone representa nossa sabedoria instintiva de superar a finitude de todas as coisas e da própria existência.

Ligada à morte, representa a vida em toda sua criatividade transformativa.

A alquímica Afrodite é a deusa da beleza e do amor. Representa o nosso instinto que prima pela harmonia e pela intensidade vida.

Essa deusa nos confere o instinto de perceber a beleza e o amor que há nas pessoas, na vida e em todas as criaturas da terra e de provocar o surgimento eficiente das delícias do espírito humano.

Compreende as idiossincrasias, as respeita, as revela e as incentiva.

O amor de Afrodite é o amor de intensidade pela vida.

O nascimento provocado pela deusa é de alegria e êxtase.

Assim somos nós, eu, você e todas as mulheres do planeta. A feminilidade que clama em nosso ser por consciência e conscienciosidade.

Não há mais como negar que a feminilidade está perdida em meio a atributos de uma sociedade em decadência.

Aquelas dentre nós que já perceberam a dor da Lua e a dor dos filhos da Terra estão sendo instadas a assumirem sua feminilidade para transformar a competitividade em cooperação, a indiferença em solidariedade, a tristeza em serenidade e o ressentimento em esquecimento.

Sonia Lunardon Vaz, psicóloga analítica junguiana e psicoterapeuta corporal Godelieve Struyf-Denys