Inegavelmente as redes sociais transformaram a sociedade como um todo. Os efeitos podem ser analisados sob uma ótica pessimista, otimista ou realista. Primeiramente, pode-se dizer que as redes promovem reencontros e aproximações. Uma conexão nesta Aldeia Global, apesar das distâncias, diferenças culturais e de idiomas. Certamente alguns conceitos como amizade, comunidade, grupos e relacionamentos afetivos em geral estão em fase de "re-significação".

Neste sentido, alguns ganhos são extraordinários. Indivíduos mais introvertidos, pessoas com dificuldades de comunicação, que inclusive apresentam exclusão social conseguem desenvolver habilidades no meio virtual, que podem favorecer interações saudáveis, repercutindo positivamente na qualidade de suas vidas.

A velocidade da informação também pode trazer benefícios. Em desastres, guerras e momentos de dificuldade, as redes promovem rápido retorno sobre pessoas. Maximiza a possibilidade de ajuda, apoio, campanhas em prol de sociedades/comunidades que se encontram em situação difícil. O sentimento de solidariedade e a aproximação em prol de uma ideologia podem contribuir para um mundo melhor.

Negativamente, observa-se certa tendência de dominação das redes sociais em relação ao indivíduo. Em primeira instância, há o vício, no sentido em que as pessoas apresentam dificuldades em "desligar", "desconectar". A sensação é de que terão perdas, no sentido de "estar de fora", de "não pertencer". Isto explica a dispersão dos jovens no estudo, a falta de concentração de profissionais no ambiente de trabalho e os acidentes em geral, inclusive os de trânsito.

Em seguida, percebe-se que a dominação invade a identidade do ser humano, eliminando a necessidade da existência de um EU real. Fazendo uma analogia, ao entrar na rede, para boa parte dos seus usuários, o pré-requisito é a alienação. O compartilhar parece ecoar uma única voz, modela pensamentos, atitudes, preferências, estilos, de tal forma que o "copiar" e "colar" tornou-se uma ação involuntária. Como se o ser humano não tivesse mais consciência própria para este agir.
As selfies e fotos chocam quando em sua maioria mascaram a realidade. Falsos sorrisos e correções faciais/corporais que simbolizam os padrões estéticos e ditadura da perfeição, tornam pessoas despersonalizadas. O EU virtual torna-se aquele que predomina, o que de certa forma, compromete o EU real. A dificuldade é demonstrada para SER-AGIR-COMUNICAR. Em outras palavras, para EXISTIR na vida como ela é.

O culto às chamadas "celebridades" é outro exemplo preocupante. Mulheres e homens de todas as idades seguem seus ídolos para reproduzirem cortes e cores de cabelo, maquiagens, estilos de vida, dietas, práticas de exercícios e o corpo ideal. A falta de questionamento e a reprodução cega trazem algumas consequências como consumo desenfreado, além de doenças físicas e mentais das mais simples às mais severas.
A premissa de que o ser humano é um eterno insatisfeito é ainda mais válida nas redes sociais. O lado bom é que se você for autêntico, conseguirá ter um EU real e um EU virtual coexistindo. As redes podem conduzir você a um questionamento, a uma busca maior e mais profunda do conhecimento e a uma percepção mais crítica da realidade e de si mesmo. O lado ruim é que se você quiser ser igual a todo mundo e apropriar-se da rede para poder existir, terá uma grande dificuldade em viver a vida como ela é.