Já foi dito que a arte e o pensamento eram o alimento da alma. Assim o dizia Platão. Como o corpo, também essa dimensão invisível, mas real do ser humano precisa de comida. E comida substancial.
Hoje ninguém de bom-senso usa uma linguagem dualista de alma e corpo. É muito mais sensato falarmos de dimensão psíquico-patológico-espiritual! E se as academias se multiplicam nas nossas esquinas visando corpos sarados e saudáveis, nada mais justo que pensemos em seres integralmente completos, com uma educação transformadora e uma espiritualidade encarnada.
Os latinos chamavam de "anima", esta dimensão que, embora encoberta, mantinha vivo o corpo. Daí vem a palavra portuguesa animação. Somos animados, dinâmicos, projetados para a frente, corajosos e sonhadores na medida em que alimentamos a alma que dá "ser" ao que somos.
A Palavra de Deus na Bíblia ou as palavras de grandes sábios e gurus das várias religiões, serão sempre ótimo combustível para a alma. As experiências coletivas ou individuais transformadas em epopeias, também funcionam como seleto alimento espiritual.
A sociedade se constitui de forma equilibrada com homens e mulheres, que além de indivíduos, se tornam cada vez mais pessoas cientes de seu lugar no mundo e na história, imbuídos de valores que que refletem uma vida saudável, porque alimentada em todas as dimensões. Assim teremos protagonistas e sujeitos e não apenas massa de manobra, ou na pior das hipóteses "escravos modernos", de corpos sarados e sem nenhuma consciência de si e de seu lugar ao sol.
A dimensão espiritual exige disciplina. Muito mais rígida talvez do que aquela que experimentamos nas academias ou nos estádios. Ela se encontra na meditação, na contemplação, na yoga e em muitas outras formas de forjar almas sadias. A vida corrida de hoje não poderá prescindir jamais de momentos especiais que poderiam ser chamados de autênticos banquetes espirituais. Isso, embora possa inclui-los como parte importante, não se resume a ritos ou a meras celebrações religiosas.