Imagem ilustrativa da imagem Ocupação pela arte
| Foto: Gina Mardones
Integrantes do Movimento dos Artistas de Rua de Londrina (Marl) ocuparam o prédio da antiga Ules, que hoje abriga mais de 20 coletivos



Os integrantes do Movimento dos Artistas de Rua de Londrina (Marl) acreditam na autogestão, mas também defendem que o poder público deve oferecer condições para o desenvolvimento da cultura de uma forma mais democrática nas cidades. Por isso, em junho deste ano, depois de esperar por anos o desenrolar de um debate sobre a necessidade de um espaço para os coletivos londrinenses, adotaram uma estratégia identificada com o conceito de "faça você mesmo" e, ao fim de um cortejo artístico, ocuparam o prédio da antiga União Londrinense de Estudantes Secundaristas (Ules), uma estrutura pública que estava há uma década sem uso.
Em poucos meses de funcionamento, o espaço ganhou vida e uma nova "cara".

Hoje, abriga mais de 20 coletivos formados por artistas de rua que usam o local para ensaiar, pesquisar, compor figurinos e até mesmo administrar as ações que já fazem parte do cotidiano da cidade. Teatro, malabares, artesanato, circo e rap são algumas das manifestações presentes no local. O que parece confuso, na verdade, é resultado de uma metodologia bastante organizada defendida pela Rede Brasileira do Teatro de Rua, do qual o Marl faz parte, como contam os artistas Danilo Lagoeiro, Bruno Baze, Herbert Proença, Thaís Regina, Rafael Avansini, Olifa Ollon e Lucas Chicarelli.



A mobilização da turma já rendeu outros frutos. Eles realizaram em Londrina o Festival de Teatro de Rua e, em 2014, conseguiram a aprovação da Lei do Artista de Rua, que garante o direito de uso dos espaços públicos, por até quatro horas, sem necessidade de comunicação prévia das autoridades. "É uma lei importante porque dependemos do clima, não dá para planejar os espetáculos com muita antecedência", explicam.

A ocupação da antiga Ules também gerou reação no poder público, que cedeu o espaço temporariamente para o grupo. Agora, eles esperam o resultado das eleições para obter uma solução definitiva ao impasse. Os integrantes do Marl definem que artistas de rua buscam espaços públicos e democráticos para se manifestar e se baseiam em fatos identificados com a realidade para compor os espetáculos. "O conceito de rua pode mudar de acordo com a região. No Acre, por exemplo, a rua pode ser um rio. Mas há em comum há característica de serem espaços sem hierarquia", avaliam.

Para manter o espaço cultural que já está movimentando o centro de Londrina, o Marl precisa do apoio da comunidade para realizar adaptações no prédio que está em condições precárias. Para colaborar com o financiamento coletivo até amanhã (25), basta entrar em benfeitoria.com/okupamarl e escolher uma das modalidades para doar. (C.A.)