Valdir do Pradro e a filha Lorrine Fróes Prado à frente de um grande grupo de amigos que costumam pedalar aos domingos de manhã: qualquer idade
Valdir do Pradro e a filha Lorrine Fróes Prado à frente de um grande grupo de amigos que costumam pedalar aos domingos de manhã: qualquer idade | Foto: Roberto Custódio



A bicicleta recebida como prêmio em um concurso de redação pela filha caçula – Nicole -, cinco anos atrás, foi o motivo inicial para que o técnico em laboratório Valdir do Prado comprasse uma para si. O objetivo era fazer companhia para a adolescente e também se exercitar um pouco. Morando na zona leste, pai e filha costumavam pedalar até a Estrada do Limoeiro, próximo ao aeroporto.

A esposa e mãe, a assessora parlamentar Eliane Cristina Fróes Prado, resolveu acompanhar a dupla, emprestou uma bicicleta da irmã e começou a pedalar também. "Um dia fomos fazer a revisão das bikes e vimos umas camisetas para vender, do grupo Pedal em Londrina. O vendedor falou do grupo, do que precisávamos para participar e fomos conhecer o pessoal", conta ele.

Segundo Prado, a família começou a participar dos pedais no domingo de manhã, indicado para os iniciantes. A filha mais velha, Lorrine Fróes Prado acabou se juntando à família. "Estava fazendo cursinho, ia prestar vestibular para Medicina e queria algo para espairecer e também trabalhar o psicológico. Agora com a faculdade consigo pedalar apenas nos finais de semana, mas procuro ir sempre. Além de unir a família, pedalar é uma atividade emocional. Você pensa que não terá preparo físico para andar 40 quilômetros, mas é também uma questão psicológica", explica ela.

Eliane afirma que pedalar com o marido e as filhas é uma oportunidade de estar juntos, já que a semana costuma ser bastante corrida para todos. "Não conseguimos nos ver direito, por isso é bem bacana sair junto, curtir a natureza e cuidar da saúde. Além de curtir a família, ainda fazemos amigos. Rola churrascos e confraternizações, sempre que fazemos uma nova camiseta marcamos um encontro para a entrega. E também costumamos fazer uma parada na feira para comer pastel, acaba virando um evento gastronômico. Não tem nada de ruim em pedalar", conta.

Prado exalta o poder que o ciclismo tem de unir as pessoas. "O pedal agrega mais, não tem essa de idade nem de sexo. Se eu jogasse futebol, com certeza minha esposa não estaria comigo, nem minhas filhas, já com a bicicleta é mais fácil unir a família. Eu pedalo em outros dias com os amigos e neles a minha esposa não vai porque é preciso um preparo físico maior. O domingo eu escolho para passar com elas. E tem outra vantagem, depois da bike minha saúde melhorou muito. Perdi peso e a dor nas costas desapareceu", garante, acrescentando que já "aliciou" outros parentes para os passeios.

Todos podem
Andar em grupo traz mais segurança aos ciclistas e favorece as amizades. Prado conta que atualmente há diversos grupos na cidade, para todo tipo de esportista. "Nosso grupo tem o pedal de domingo voltado aos iniciantes, podem participar pessoas de qualquer idade, homens e mulheres. A exigência é ter uma bicicleta adequada e usar os equipamentos de segurança: capacete, luvas e óculos, além de levar água e barras de cereais. Andamos entre 30 km e 40 km, entre Londrina e Ibiporã, sempre por estradas rurais, com diferentes percursos. Me preocupo sempre de ter um local onde possamos parar para nos abastecer de água e algumas vezes paramos na feira de Ibiporã para comer pastel", descreve.

Já aos sábados o grupo anda até 50 km, num ritmo mais forte, por isso é preciso mais preparo físico. E durante as noites de quarta o ritmo é mais acelerado, exigindo bastante dos ciclistas que andam até 60 km. "Mesmo para o pedal iniciante recomendamos que a pessoa tenha um pouco de experiência. Para quem nunca andou, sugiro praticar um pouco antes. Mas há grupos para todos os níveis de ciclista, quem quiser pedalar, tem opção todos os dias da semana."

Camila Minak e Frank Hoshi compartilharam o interesse pela magrela: "Nós vamos pedalar até ficarmos velhinhos, enquanto conseguir, a gente vai andar de bike"
Camila Minak e Frank Hoshi compartilharam o interesse pela magrela: "Nós vamos pedalar até ficarmos velhinhos, enquanto conseguir, a gente vai andar de bike" | Foto: Paulo Guimarães/Divulgação



Cupido chegou de bike
Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, no selim ajustado e na corrente desencaixada? A bicicleta não precisa ser um impasse entre os casais, pelo contrário, ela pode ser o que os une ainda mais. O caminho no ciclismo já encontrou vidas, transformou histórias e criou experiências compartilhadas.

Camila Minak, 36, sempre foi apaixonada por esportes e percorria alguns passeios cilísticos em Londrina, com as amigas, mas nada muito formal. Na cidade ao lado, em Ibiporã, Frank Toshio Hoshi, 39, outro amante da vida esportiva, já fazia parte de grupos de bicicletas e tinha a magrela como um exercício mais sério, considerando rotina e acessórios que aperfeiçoavam a prática.

Não foi sobre duas rodas que eles se conheceram, mas os interesses em comum somaram para que se tornassem um casal. Por indicação de amigos, se falaram pela primeira vez e foram percebendo as coincidências entre eles. A sintonia era tão forte que descobriram depois que já haviam se encontrado em eventos. "A gente se viu na corrida de aventura, eu lembro de ter visto a Camila lá com uma amiga e elas me viram também", conta Hoshi. Então era para ser.

Quando começaram a namorar, em 2014, a bicicleta foi testemunha. "Nosso primeiro passeio de bicicleta juntos foi até o Castelo Eldorado, quando eu conheci o grupo que o Frank faz parte. Agora eu participo de eventos com eles também", revela Camila. Mas não foi tão simples assim. Nno início, Hoshi confessou que Camila ficava enciumada e levá-la para conhecer o grupo fazia parte da estratégia para que ela entendesse e também começasse a participar.

Até hoje, os dois programam os finais de semana para pedalar. "Nós levamos as bikes para alguma cidade próxima e pedalamos por lá. Fazemos uns 40 km mais ou menos. Nunca fizemos cicloturismo, mas sempre que viajamos, nós levamos as bicicletas junto", explicam. Com os grupos, preferem participar de eventos beneficentes, para que a diversão possa se tornar apoio para quem precisa.

Na mochila, todos os acessórios necessários para a segurança. "O Frank que ensinou, ele cuida bastante, antes eu saía e não levava nada, nunca aconteceu de furar um pneu, mas eu corri o risco", declara. Dividindo espaço, um pacote de ração e água para distribuir aos cães que foram abandonados no caminho. Hoshi é veterinário e Minak ama os animais. Eles não conseguiriam ficar indiferentes à situação.

Os dois se casaram há dois anos, na cidade de Guararapes (SP), e as bicicletas foram juntas com o casal para fazer parte das fotografias. Sem filhos, passam a paixão para as sobrinhas, que já ganharam bicicleta dos tios e sempre passeiam com eles. "Nós queremos educar nossos filhos com a prática do esporte, é importante", revelam.

Nesse tempo juntos, as bicicletas tiveram grande participação na rotina dos dois. A intenção é que continue assim, um apoiando o outro, explorando caminhos e vivenciando a experiência de ter o amor como energia para ir longe. "Nós vamos pedalar até ficarmos velhinhos, enquanto conseguir, a gente vai andar de bike", finaliza Minak.

Lais Taine
Reportagem Local