Imagem ilustrativa da imagem O lado B da maternidade
| Foto: Roberto Custódio
Victoria Libos com a filha Alice, de 2,8 anos: ‘Quero compartilhar que o cuidado não precisa ser só da mãe,é preciso inserir o pai e a sociedade. Ser exclusiva não é bom nem para a mãe, nem para a criança"



Ter um filho é algo maravilhoso, mas que exige muito da mulher. São poucas horas de sono, eventuais dificuldades com a amamentação ou o pós-cirúrgico e cólicas do bebê somados à rotina com a casa, o trabalho e eventualmente outros filhos. A situação de cada mulher é diferente, mas com muitas dificuldades em comum. Foi pensando justamente nisso, e após ter se tornado mãe, que a jornalista e empreendedora materna Victoria Libos idealizou o videodocumentário "Mães de Alma e Cuia".

"Eu tinha 20 anos, estava no segundo ano da faculdade, sonhava em me formar e ir trabalhar em São Paulo quando descobri a gravidez de Alice, hoje com 2,8 anos. Sempre quis ser mãe, mas eu só tinha 20 anos, a gravidez não foi planejada. Meu marido estudava em Cornélio Procópio e passava a semana toda fora. Passado o susto, fiquei imersa no mundo da maternidade, pensando no parto. No 3º ano (da faculdade) ela já tinha nascido, eu fiquei quatro meses de licença-maternidade e voltei a estudar. Tinha que voltar correndo à noite para amamentá-la antes dela dormir. Tive uma perda de individualidade e muita cobrança, tanto interna quanto externa", conta.

As novas vivências enquanto mãe de Alice fizeram com que Victoria pensasse em produzir um videodocumentário abordando o outro lado da maternidade, um tabu para muitos, mas que pudesse servir de base para uma discussão sobre o assunto.

"É algo que muita gente sabe, mas muitas não assumem. Ser mãe é visto como algo divino, então estar cansada, sentir falta da sua vida antiga é algo ruim. Os rótulos fazem com que as mães se prendam a padrões. Comecei a participar de um grupo de mães no WhatsApp e o acolhimento que tive quis levar para a sociedade."

Para o videodocumentário foram entrevistadas cinco mulheres, com diferentes histórias de vida, que haviam se tornado mães há menos de três anos. Todas foram escolhidas após o preenchimento de um questionário de pré-seleção, onde elas puderam opinar sobre o que sentiam a respeito da maternidade, que tipo de modelo de mãe representavam e quais suas dificuldades. Victória diz que se surpreendeu com as respostas, porque todas as mulheres entrevistadas correspondiam às suas idealizações.

"Escolhi aquelas que mais me impactaram. São mães com perfis diferentes, solteiras, casadas, com um filho, dois ou três, cada uma com suas dificuldades. Acredito que quanto mais se fala sobre o assunto, mais se pode aceitar, se ajudar. Também quero compartilhar que o cuidado não precisa ser só da mãe, é preciso inserir o pai e a sociedade. Ser exclusiva não é bom nem para a mãe, nem para a criança. Às vezes a mulher toma para si todos os cuidados, assume todos os papeis. Muito é idealizado, existe uma cobrança e a mulher quer atingir esse papel de perfeição, alcançar o papel de mulher-maravilha, aí fica insatisfeita", argumenta a jornalista.

Ela pontua que ser pai é apenas uma das funções do homem, enquanto para a mulher ser mãe se torna sua função principal, embora ela não deixe de fazer outras coisas, como cuidar da casa, da vida profissional, do marido. "É algo difícil de mudar, mas estamos nos conscientizando."



O trabalho será apresentado neste sábado (6), às 18h30, no Baobá - Vivências pelo Brincar.

'Mães de Alma e Cuia'

O "Encontro: O Canto da Mulher que Canta & Mães de Alma e Cuia" será realizado neste sábado (6) e domingo (7), no Baobá - Vivências pelo Brincar.

No sábado as atividades são voltadas para as mulheres, com duas oficinas conduzidas por Carolinie Figueiredo e a apresentação do videodocumentário às 18h30. Já o domingo é dedicado à família, com discussões sobre o acolhimento das crianças, criação de filhos, pertencimento e rede de apoio, Disciplina Positiva. Também haverá yogaterapia para famílias e show de palhaços Clac.

Durante o evento serão comercializados diversos produtos de expositores locais. Mais informações no Facebook, busque por eventos "Encontro: O canto da Mulher que Canta & Mães de Alma e Cuia". (E.G.)

Serviço
Encontro: O canto da Mulher que Canta & Mães de Alma e Cuia
Local: Baobá - Vivências pelo Brincar - Rua Jonathas Serrano, 361.
Horário: 10h às 19h.
Entrada: R$ 5 por família, sujeito à lotação.
Eventos com Carolinie Figueiredo - valores diferenciados, consultar site.