Tatiana Brandão Perim deixou o agito da capital paulista para investir em um projeto de educação ambiental atrelado ao entretenimento, no litoral paranaense
Tatiana Brandão Perim deixou o agito da capital paulista para investir em um projeto de educação ambiental atrelado ao entretenimento, no litoral paranaense | Foto: Divulgação


Quantas vidas podem caber em uma só? Todas que se dispuser a viver. Foi desfrutando da coragem e da vontade de ser a revolução que se quer para o mundo que a publicitária por formação e empreendedora por convicção Tatiana Brandão Perim, há mais de três anos, deu uma guinada nos rumos da própria existência. Ela que até então havia residido em grandes cidades no Brasil e no mundo, interrompeu uma sequência de nove anos trabalhando na Discovery Networks do Brasil na capital paulista para se fixar e investir em um projeto ousado de educação ambiental atrelado ao entretenimento, o Ekôa Park, em Morretes, cidade do litoral paranaense.

"Costumo dizer que foi uma guinada de 360 graus, porque esse movimento foi um resgate da origem de tudo, um verdadeiro reencontro comigo mesma que me fortaleceu ainda mais no sonho de construir algo que pode ajudar o mundo a entender que não faz sentido o homem se dissociar da natureza. É no meio ambiente e no equilíbrio oriundo do caos de um ecossistema que encontramos ensinamentos para todas as demandas da sociedade", avalia.

Claro que esse movimento em direção contrária exigiu de Perim uma certeza reafirmada dia após dia. "A reação de amigos e familiares em um primeiro momento foi de não compreensão, pois eu cresci e me desenvolvi em ambiente urbano. Houve quem apostasse que eu não fosse me acostumar e eu titubeei algumas vezes, até porque, como em qualquer escolha, renunciamos algumas coisas visando outras. Mas, diariamente, a minha decisão de vir para Morretes ganha mais sentido e eu consegui ficar com o melhor dos dois mundos, já que quando posso viajo para consumir cultura, estou a 60 km de São Paulo", assegura.

"Quanto a se habituar, foi muito fácil e acho que isso tem a ver com a capacidade humana de se adaptar a qualquer coisa para o bem e para o mal. É muito importante estar atento a isso, a fim de evitar insistir em escolhas destrutivas", orienta.

Em termos práticos, a reconexão com a natureza serviu para talhar o espírito empreendedor de Perim, para suportar os desafios durante mais de três anos investindo no seu projeto, em meio a um país em crise, com uma burocracia que vai na contramão do capital produtivo. Assim como tem ocorrido com outros empreendimentos país afora, houve atraso na implantação do projeto, que deve ser inaugurado somente no segundo semestre deste ano.

"Na floresta, você aprende a tomar decisões rápidas e desenvolver estratégias para situações diferentes o tempo todo. E o Ekôa me exigiu um tsunami de funções que fui desenvolvendo porque o tempo todo somos testados a absorver milhões de informações novas que variam pelas mais diferentes áreas do conhecimento. Mas acredito que a fonte para conseguir lidar com tudo isso vem daqui", explica.

Por princípios que nortearam todo o projeto, Perim levou ao extremo toda a responsabilidade ambiental necessária a um parque que fica em uma área de 233 hectares de Mata Atlântica intocada. Para isso, ela lançou mão de práticas sustentáveis e de bioconstrução trabalhadas e reforçadas dia após dia com a equipe.

"Sempre pratiquei esportes e tive hábitos saudáveis, mas entrar na mata todo dia me deu um combustível melhor, já que o oxigênio daqui é puro e isso é matéria-prima para a nossa energia. Mas o principal ganho em estar aqui é o treinamento diário que a floresta apresenta, pois ela muda todo dia, sempre está acontecendo algo. Um dia você se depara com uma árvore, que no outro dia cai, e aquela clareira que se abre ilumina uma forrageira. Tudo vivo acontecendo em busca de oportunidades que garantem equilíbrio a esse caos. Na natureza entendemos que o mundo é o nosso endereço porque tudo impacta no outro", conclui.