Após passar por um processo de coaching com aplicação de neurociência, Marum Godinho lançou uma grife de peças que valorizam o amor dos humanos pelos seus cachorros. Veja vídeo utilizando a tecnolog
Após passar por um processo de coaching com aplicação de neurociência, Marum Godinho lançou uma grife de peças que valorizam o amor dos humanos pelos seus cachorros. Veja vídeo utilizando a tecnolog | Foto: Olga Leiria


Superar o ceticismo e a acomodação de possuir uma carreira de 15 anos como publicitário em agências de criação para de uma só vez enfrentar um país fragilizado por tantos escândalos, um cenário recessivo (hoje com mais de 14 milhões de desempregados) e se dar ao luxo de investir naquilo em que acredita. Eis um resumo do que se sucedeu com o empresário Marum Godinho, que há oito meses colocou em operação uma marca de camisetas (a startup Los Cachorreros) que aposta em peças que valorizam o amor dos humanos pelos seus cachorros em estampas criativas e arrojadas.

O caminho até chegar lá não foi simples. Ele conta que a exemplo de muitos profissionais da área, nos últimos anos passou a questionar o futuro da sua escolha profissional, a ponto de adoecer com a falta de perspectiva. Só que sempre que pensava em se submeter a um coaching para mudança de carreira tinha receio de perder tempo e dinheiro. "Confesso que sempre me soou como algo pouco efetivo, talvez porque o sucesso dependa das duas partes e, como em todos os setores, a qualidade do profissional que oferece esse serviço é fundamental, do contrário vira algo sem parâmetros mensuráveis para visualizarmos o progresso que buscamos", alerta.

O fato desse dilema interferir na saúde de Godinho, a mudança de cidade do Rio de Janeiro para Curitiba e a indicação de uma conhecida que atravessou o mesmo conflito fizeram o publicitário se despir de ideias preconcebidas e buscar ajuda profissional. O caminho escolhido por ele foi o coaching com aplicação de neurociência comportamental.



"Cheguei perdido. O que me levou para a segunda sessão (do trabalho) foi perceber que aquilo fazia sentido. Na primeira sessão, a profissional literalmente fez um desenho do que eu precisava trabalhar e com as técnicas repassadas aquilo fez sentido, funcionava realmente", comemora. Ele conta que aspirava ter um negócio próprio, mas não tinha a menor ideia de que iria unir toda a sua expertise em comunicação e publicidade ao fato de adorar cachorros para iniciar um projeto inovador.

O processo durou de junho a dezembro de 2016 e o encorajou de tal forma que as incertezas conjunturais do País não o impediram de arregaçar as mangas. "A crise para mim não tinha importância alguma, não fez diferença. Interessava eu estar fazendo aquilo. Se não der certo, eu sei que posso fazer outra coisa. Estou confiante e consegui essa confiança durante o processo de coaching", reconhece.

Embora a mudança de carreira tenha sido o objetivo de Godinho, ele revela que se surpreendeu com o quanto questões pessoais foram tratadas com relevância durante o processo. "As cinco primeiras sessões foram pessoais e as melhores para o meu crescimento. Sem elas, eu não iria conseguir", atesta. "Fiquei de queixo caído. Não foi um soco no estômago, mas no cérebro", brinca o empresário, que já tem planos de ampliar a linha de produtos.

É preciso saber ouvir
Os benefícios da neurociência comportamental também podem ser usufruídos pelas organizações, tanto para a geração de engajamentos da equipe nos projetos da empresa, quanto para fidelização de clientes.
"Há um espaço nas empresas onde ainda existe gente. Você precisa desenvolver um comportamento em que se ouça o ser humano, pois ouvindo de verdade encontramos os meios efetivos de engajar os liderados e de construir um relacionamento de longo prazo com seus clientes", defende a publicitária e coach Silvia Watanabe.
Ela conta que em um dos trabalhos realizados com esse foco, em uma empresa do ramo imobiliário, essas técnicas foram aplicadas visando o reposicionamento da marca perante os clientes a fim de alavancar vendas. "Foram sete encontros de quatros horas com um grupo de 30 profissionais entre gerentes e diretores, que tinham o desafio de conhecer mais de comportamento humano para o trabalho diário de motivação da linha de frente que fica no plantão de vendas", recorda.
"O fato de aprenderem a ouvir mais os liderados e os clientes mudou a percepção também de que não estão vendendo só um imóvel, mas estão entrando na vida das pessoas que irão viver lá", constata.
Para ela, a transformação corporativa ocorre quando as empresas se dão conta de estarem funcionando "no piloto automático". "A maioria das empresas vive no piloto automático e durante o processo chama atenção o desconforto no momento em que os executivos se dão conta disso", constata. (M.M.)

Uma chave para a transformação
A coach Chris Jacob explica que o uso da neurociência comportamental é uma chave científica para quem busca uma transformação. "Não trabalho com um objetivo definido. Trabalho com a visão sistêmica. Até porque às vezes é um entrave pessoal que está comprometendo o profissional", aponta.
Ela desenvolveu um programa dividido em dez sessões que duram uma hora e meia e o processo se dá em seis meses. "O trabalho inicia com uma anamnese e são nas conversas e interações que começo a identificar onde estão os pontos necessários de melhoria. Disso é estabelecido o plano de trabalho para que ocorra a mudança. Com inventários de cada sessão", descreve. "Os espaçamentos entre uma sessão e outra são necessários para o avanço no processo", comenta a coach.
De maneira geral, a profissional observa que "a maioria das pessoas possui um determinado hábito comportamental, aquilo está tão automatizado no cérebro que a pessoa não percebe". Tais hábitos ou crenças limitantes - que não têm conotação religiosa - são trabalhados no coaching com aplicação de neurociência em três pilares: conhecimento, reflexão e prática. A ideia é que para mudar comportamentos arraigados é fundamental desenvolver novos hábitos comportamentais. "Há como estabelecer novos circuitos cerebrais, reforçar alguns e enfraquecer outros, pois o cérebro é neuroplástico", informa Chris Jacob. (M.M.)