Além de comer bem, os povos árabes também são muito festivos. Músicas e danças estão sempre presentes nas comemorações. A professora Carolina Carvalho, da Cia de Dança do
Ventre Carolina Carvalho, conta que frequentemente é convidada para se apresentar em festas de aniversário e casamento. E ao contrário do que os leigos possam pensar, a dança árabe vai além da dança do ventre.

"A dança do ventre teria surgido no Egito, entre as sacerdotisas, muito antes de Cristo. Elas dançariam para Isis, a deusa da fertilidade, pedindo pelo dom de procriar. Elas faziam movimentos imitando os animais, como camelos e cobras, por isso os movimentos sinuosos. As ondulações inclusive ajudavam durante as contrações. Depois essa dança foi se tornando familiar, as sacerdotisas ensinavam suas filhas, depois as netas. A dança começou a ser feita nas festas. Quando os árabes invadiram o Egito, se apropriaram da dança", explica.

A professora Carolina Carvalho frequentemente é convidada para levar a sua arte a festas de aniversário e casamento. Veja vídeo utilizando a tecnologia da Realidade Aumentada
A professora Carolina Carvalho frequentemente é convidada para levar a sua arte a festas de aniversário e casamento. Veja vídeo utilizando a tecnologia da Realidade Aumentada



Já entre os homens, a dança típica é o dabke. Em roda, semi-círculo ou em linha reta, eles dançam com os ombros colados e de mãos dadas, batendo os pés. Mais uma vez a origem do dabke não é muito exata, mas de acordo com Carvalho, uma das teorias diz que há muitos anos, no Líbano, as casas usavam barro unindo troncos e galhos. Na passagem de outono para inverno esse barro seco racharia, sendo necessário refazer o trabalho. Os homens então bateriam os pés para compactar o material. Depois esse ritual foi levado para as festas.

"Embora tenha começado como uma dança masculina, nas festas todos participam: mulheres, idosos e crianças. Existe sempre um líder que guia e puxa o grupo, geralmente girando um lenço branco e instrumentos de percussão marcam os passos. Mesmo quem não sabe acaba aprendendo alguns passos na hora e dançando junto", conta Carvalho.

Quando a companhia é contratada para dançar em casamentos, geralmente é feita também a dança com candelabros. As bailarinas entram antes para iluminar o caminho dos noivos. Depois é feita a dança do ventre e então o dabke.



"Não só nos casamentos onde ambos os noivos são descendentes, mas também somos contratados para dançar em casamentos em que o noivo é descendente ou árabe e a noiva, brasileira. É uma forma de agradar a família dele e mostrar a cultura. Outra coisa que percebo é que mesmo para a dança do ventre vêm muitas mulheres de ascendência libanesa que já dançam em casa. Elas chegam pedindo para aprender a técnica, mas já sabem os passos, o que mostra que realmente é algo bastante forte na cultura. Embora algumas pessoas vejam a dança do ventre como sensual, na cultura árabe não é algo que as mulheres aprendam para fazer para os maridos, podem até fazer, mas elas aprendem para si. Muitas das minhas alunas acabam percebendo isso ao longo das aulas, como a dança traz bem-estar", finaliza.