Alef e Ana Paula Garcia, que têm problemas de visão: da insegurança no início do  namoro ao plano de ter um filho
Alef e Ana Paula Garcia, que têm problemas de visão: da insegurança no início do namoro ao plano de ter um filho | Foto: Saulo Ohara



Superar os obstáculos dentro e fora de casa, se apoiando e se complementando é parte da rotina do casal Alef Campos Garcia, professor de informática, e Ana Paula Antunes Garcia, dona de casa. Ele foi perdendo a visão aos poucos e hoje não enxerga nada. Ela consegue enxergar no máximo 20%. Ambos foram alunos do Instituto Roberto Miranda, onde se conheceram, começaram a namorar e há seis meses se casaram.

"Eu já era aluno quando ela entrou. Eu enxergava um pouco ainda, começamos a conversar, trocamos telefones mas fiquei inseguro, com medo dela não querer nada comigo. Outra dúvida era porque eu sou mais novo que ela 12 anos, não parece, mas fiquei com medo. Porém, os amigos deram uma força, falaram que ela gostava de mim, que já tinha falado, aí criei coragem, falei com ela e começamos a namorar, em 2011", conta Alef.

Durante esse período ele perdeu completamente a visão e foi franco com Ana Paula, dizendo que ela poderia terminar o namoro se quisesse, já que ele não era a mesma pessoa que ela havia conhecido. "Eu disse que ele nunca mais repetisse aquilo", conta Ana Paula, com firmeza.

Eles continuaram os estudos, Alef se tornou professor no Instituto, enquanto Ana Paula trabalhou em algumas empresas. Com a ajuda dos pais construíram uma casa e se casaram. A rotina é dividida com os vários animais de estimação do casal, que planeja ter um filho depois que ele terminar a faculdade de Pedagogia.



"Eu trabalho durante o dia e estudo à noite, se tivesse um filho ia deixá-lo dormindo e encontrá-lo dormindo. E eu quero participar de todas as fases, sei trocar fraldas, dar mamadeira, não me sinto inseguro e estou preparado para isso", afirma ele, explicando que também divide com a esposa as atividades com a casa e os animais.

Por não enxergar, Alef explica que desenvolveu outras habilidades, como uma audição mais apurada e a capacidade de perceber pela voz da esposa quando ela não está bem ou se está chateada com algo. "No fim é bobeira essa coisa de idade, de sexo igual ou diferente. Se as pessoas se sentem felizes, isso é o importante. A vida é tão curta e o ser humano perde tempo com coisas desnecessárias", finaliza o professor. (E.G.)