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Tempo de celebrar! Edição traz reflexão sobre o Natal e as diversas formas de comemorar a data e o final de mais um ano. Confira também sugestões de decoração rápida para a casa e do que levar para a ceia com amigos e familiares


Para os cristãos, que correspondem à maioria da população brasileira, o Natal tem um sentido muito especial. A despeito do consumismo, das compras e de símbolos como pinheiro e Papai Noel, o 25 de dezembro é o dia de comemorar o milagre do nascimento de Jesus Cristo e renovar as esperanças em Deus.



Diante da diversidade cultural e religiosa do País, entretanto, esta comemoração ganha novos significados entre adeptos de religiões não cristãs. Budistas e praticantes do candomblé, por exemplo, confraternizam em família durante o Natal e reservam as celebrações religiosas para o Ano Novo.

"Sendo budistas, não comemoramos o nascimento de Jesus Cristo", expõe o arcebispo do Budismo Primordial (HBS) do Brasil, Takassaky Nitiguenele. A despeito do contexto religioso, ele reconhece que o Natal é também uma festa cultural. Por isso, como em quase todas as casas do Brasil, os budistas se reúnem na data para confraternizar. "Os imigrantes japoneses tiveram que se inserir nesta cultura", diz ele, lembrando que a grande comemoração do fim do ano é o Ano Novo.

No dia 31, a partir das 23 horas, os budistas se reúnem para o culto do crepúsculo, quando agradecem pelo ano que passou. Logo em seguida, à meia-noite, realizam o culto da virada do ano, quando fazem preces para que o ano novo seja bom. "Depois, as famílias voltam para casa e fazem um banquete", conta. Outra tradição da comunidade japonesa é se reunir para preparar os bolinhos de arroz (moti), que depois são distribuídos no dia 31 de dezembro.

O monge lembra que, para os budistas, o nascimento de Buda, celebrado em abril, é a principal data religiosa do ano, quando os praticantes realizam a Festa das Flores. "Neste evento, os fiéis reverenciam o Buda criança, cuja imagem recebe um banho de chá doce. Segundo as escrituras, caiu néctar no dia do nascimento dele", conta. Os arranjos floridos que enfeitam o local da festa também são alusivos ao dia do nascimento, quando, diz a lenda, choveu flores.

Outra festa importante acontece em dezembro, quando algumas denominações budistas realizam a cerimônia de iluminação, referente ao momento que, após muito praticar, Buda sentou em uma árvore e através de meditação profunda conseguiu alcançar a "iluminação", que significa a libertação de todo sofrimento. "Foi quando ele conseguiu entender a vida, os sofrimentos e se libertou", explica, lembrando que os adeptos da religião não consideram Buda uma divindade. "É um homem comum que, através da prática, conseguiu a iluminação."

Candomblé

O dia 25 de dezembro também é um "dia comum" para os praticantes do candomblé. "Algumas famílias fazem a ceia por ser um hábito cultural dos brasileiros, mas não é uma data de celebrações religiosas. As pessoas costumam passar o Natal com suas famílias", conta a yalorixá Iya Cláudia Ikandayo, lembrando que os praticantes da religião não cultuam, mas respeitam a tradição cristã. "Também acreditamos no criador, no senhor que tudo pode e criou o mundo", compara.

A grande festa da religião, segundo ela, ocorre em 31 de dezembro, quando os fiéis se reúnem nas casas religiosas para celebrar o novo ano. O dia é dedicado a fazer comida para todos os orixás. Um pouco antes da meia-noite, a tradição inclui a realização do xirê, como é chamada a roda de candomblé. "Após a meia-noite os filhos de santo saem do transe e começa a comemoração dentro do axé", conta.

A celebração também inclui jogo de búzios para saber qual orixá vai comandar o ano. "Assim ficamos sabendo qual orixá devemos agradar", relata, lembrando que todos os orixás são louvados para que nada de ruim aconteça no novo ano.

A comida oferecida aos orixás é especial, mas ao fim dos rituais religiosos os fiéis também celebram com mesa farta. No cardápio, não pode faltar carne assada, peru, mocotó, churrasco, rabada e até feijoada. "As casas de candomblé são de muita fartura durante todo o ano, são locais de alegria e positividade", revela.