Imagem ilustrativa da imagem Fenômenos ou assombração?
| Foto: Fotos: Fábio Alcover



Não se deixe enganar pelo medo. Ao mesmo tempo em que aterroriza, por instinto, faz fugir do que amedronta, lançando-nos em um labirinto de perguntas sem compreender o sobrenatural. Nos tempos atuais, apesar das transformações sociais, as lendas urbanas e crenças sobrevivem. Nesta reportagem vamos nos aventurar pelos corredores escuros dos fenômenos paranormais, em busca de explicações. Abriremos portas e janelas, percorreremos cômodos e passagens secretas onde os mistérios se escondem, à procura de respostas ou do imponderável.

Quem irá nos acompanhar na expedição é o parapsicólogo do Instituto Nacional de Parapsicologia (INPP), o londrinense Rogelio Raquel, que já foi consultor do site do Fantástico, da Rede Globo. Com o pesquisador, vamos visitar o Museu Histórico de Londrina atrás de evidências paranormais.

O parapsicólogo Rogelio Raquel usa um dual road para medir vibrações no Museu Histórico de Londrina: "Esses objetos têm uma memória energética impregnada, que a gente pode captar"
O parapsicólogo Rogelio Raquel usa um dual road para medir vibrações no Museu Histórico de Londrina: "Esses objetos têm uma memória energética impregnada, que a gente pode captar" | Foto: Fábio Alcover



O museu – até onde se sabe – não tem passagens secretas, como nos casarões assombrados, que povoam a imaginação, mas o prédio da antiga estação ferroviária guarda em suas paredes, plataforma de embarque e desembarque, histórias de partidas, chegadas, alegrias e tristezas de muitas despedidas. Em seu acervo, peças e objetos de pioneiros e ancestrais, como índios que habitaram a região, antes da colonização.

Rogelio Raquel avisa: "Esses objetos têm uma memória energética impregnada, que a gente pode captar. Existem lugares, como museus, que são mal-assombrados, mas o parapsicólogo precisa fazer uma visita e ver se é um fenômeno paranormal ou espiritual", afirmou o pesquisador, acrescentando que cenários de tragédias podem ter manifestações, como o do Edifício Joelma, em São Paulo, que pegou fogo em 1974, matando quase 200 pessoas, e que já tinha fama de assustador. No endereço, um engenheiro matou a família e jogou num poço, em 1948.



Ao mesmo tempo em que caminhávamos entre as peças do acervo do museu em um dia sem visitação, Rogelio media as vibrações energéticas com um dual road, duas varetas que, ao se cruzarem, sinalizam que tem coisa ali. O pesquisador ainda explicava que a Parapsicologia é a ciência que estuda os fenômenos paranormais, que não têm explicação natural, como a telecinese (objetos que se movem sozinhos) e a pirogênese (produção de calor até pegar fogo). Lembrou de um caso londrinense recente, no bairro Cilo 3, Zona Oeste.

"No dia em que estivemos lá surgiu um foco de fogo. O caso ficou inconcluso porque a família desapareceu", contou Rogelio, ressaltando que fenômenos parapsicológicos são provocados, geralmente, por adolescentes. A explicação é que a glândula pineal, que produz os fenômenos, é a do relógio biológico, que desperta para a adolescência.

De repente, enquanto contava mais sobre o caso, o aparelho de medir vibrações registrou energia em fragmentos de cerâmica indígena. Manifestações mais fortes vieram de uma cadeira odontológica antiga, rudimentar, parecida com um cadeira elétrica. Também de objetos de famílias, como louças e bonecas que, envoltas pela aura de mistério, durante a entrevista, nos fitavam com os seus olhos de vidro.

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Em Londrina, casos despertam medo e dúvida
O mundo além da vida, que conhecemos, pode ser criado pela nossa mente, o que a Parapsicologia explica, mas também por outras forças sobrenaturais. O parapsicólogo Rogelio Raquel, que foi convidado para visitar o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, pelo programa "Como Será?", da Rede Globo, afirma que existem lugares mal-assombrados em Londrina. E faz um desafio, propondo pesquisar alguns locais de supostos maus agouros na cidade.

"O papel dos parapsicólogos é visitar esses lugares e pesquisar se os fenômenos não são uma produção da mente de um paranormal ou se têm uma energia diferenciada para iniciarmos uma terapia, que diminuirá os fenômenos", explica, lembrando que no Museu Nacional, que foi a casa da família real portuguesa, fez medições no trono e na escrivaninha de Dom Pedro II e constatou que a energia era intensa.

No museu londrinense, Rogelio diz que gostaria de voltar para fazer mais pesquisas, principalmente, na sala que reúnem objetos de famílias. O espaço não tem janelas abertas e toda a energia das peças e dos visitantes estaria concentrada no lugar.

O pesquisador diz que cemitérios indígenas, na cidade, também são causas de fenômenos e conta que, no Jardim Bandeirantes, existe uma casa que ninguém consegue morar de tantas manifestações sobrenaturais.

"Visitei ainda um sítio, na região, em que as pessoas viam as luzes acenderem sozinhas, os cães latiam como se estivessem vendo alguma coisa, objetos se moviam. E o causador era um menino paranormal de apenas 12 anos. Fizemos uma terapia com o garoto e os fenômenos pararam", lembra o pesquisador.

O desafio de Rogelio para lugares londrinenses, com histórias inexplicáveis, inclui um prédio na área central, que fica em frente a uma rotatória em que, antigamente, sete ruas se encontravam. O edifício ficou conhecido porque muitos suicidas se atiravam de suas janelas.
Para o parapsicólogo seria importante uma equipe de pesquisadores investigar o local que, por ter sido uma encruzilhada de sete ruas, poderia, na passado, ser usado para rituais. (F.L.)


Milênio inflamado
Mesmo que queiram, muitos não conseguirão escapar de contatos imediatos com fenômenos paranormais, que podem se intensificar em um milênio tão inflamado.

"Vivemos em uma época de turbulência política e geográfica, com pessoas migrando para não morrer em guerras e de fome. Existe muito sentimento de revolta e ódio contra governantes, que querem fazer, no caso do Brasil e de outros países, reformas impopulares. Essas energias estão por aí, vibrando. É um momento muito perigoso para fenômenos paranormais", ressalta Rogelio, que aos 6 anos de idade começou a ouvir vozes e ver vultos, buscando anos mais tarde explicações para o sobrenatural na Parapsicologia.

Algumas pessoas, como Madalena Debértolis, de 56 anos, estão se preparando para estes tempos. Depois que se aposentou, a oomerciante decidiu estudar Parapsicologia.

"No início da caminhada na Parapsicologia, você fica perdida. A gente cria personagens para enfrentar o dia a dia e, a hora que se depara com uma nova possibilidade, é doloroso porque tem que se reconstruir. O que a gente está vendo aí é uma mudança grande em todas as estruturas. Quem não absorver essas transformações terá dificuldades", afirma Madalena.

Noventa por cento das manifestações são paranormais, produzidas espontaneamente pela mente humana e poucas têm causas espirituais, ressalta Rogelio. Mas ele alerta para o impacto das transformações humanas também no mundo sobrenatural.

"Londrina é uma cidade que foi construída em cima de riachos. Existe uma energia telúrica que, as pessoas não sabem, mas podem estar sob essa influência, e isso pode causar agitação, tendência ao estresse, depressão", afirma o pesquisador, quando questionado se teria uma explicação para crimes bárbaros que entraram para a história policial e que aconteceram no centro da cidade, área em que os rios foram canalizados para a abertura de ruas. (F.L.)