Imagem ilustrativa da imagem Em busca de si mesma
| Foto: Arquivo Pessoal
"Percebi que independente das escolhas há culpa: ir trabalhar ou não, deixar os filhos com outros ou não. Por isso, comecei a estudar sobre essa culpa", conta Carolinie Figueiredo, mãe de Bruna Luz, de 5 anos, e Theo, de 3,



Atriz, educadora parental, escritora, mãe de Bruna Luz, de 5 anos, e Theo, de 3, Carolinie Figueiredo passou por um período de redescobertas após a maternidade. Como tantas outras mães, sentia culpa e tinha muitas dúvidas sobre o que seria ser mãe e mulher, sobre qual seria seu novo papel após a maternidade.

"Fui mãe muito nova, com 21 e 24 anos e foram vários movimentos para me descobrir além de ser mãe. Eu aprendi a ser mãe na marra, não me preparei nem emocionalmente nem financeiramente. É muito difícil encontrar sucesso e autoestima ficando em casa. Percebi que independente das escolhas há culpa: ir trabalhar ou não, deixar os filhos com outros ou não. Por isso, comecei a estudar sobre essa culpa. Desde a hora que escolhemos o nome, o tipo de parto, tudo é julgado nas mães", afirma Carolinie, que participa de um evento em Londrina neste sábado, dia 6 (leia mais nesta edição).

Carolinie se tornou educadora parental certificada em disciplina positiva pela Positive Discipline Association e ThetaHealer certificada pelo THInK (ThetaHealing Institute of Knowledge – USA). Começou a viajar pelo País para encontrar outras mães e juntas se (re)descobrirem, trocarem experiências e dicas sobre si e sobre os filhos.

Durante essas viagens, entre as queixas mais comuns de outras mulheres está a de se sentir sozinha com a sobrecarga de cuidar dos filhos, mesmo que esteja com um companheiro. "Trabalhamos a importância da rede de apoio, porque mesmo no meio materno existe a competitividade. Antes vivíamos mais em comunidade. Tento fazer um acordo de empatia, sororidade. Quando volto da cidade as mulheres continuam, existe essa rede de apoio, grupos de WhatsApp."

Carolinie conta que ela mesma está em constante escuta, buscando seus desejos. Se antes estava imersa na maternidade, depois queria viajar e agora já mudou novamente. "Eu viajava muito e perdia a conexão com os meus filhos, quando voltava e retomava, tinha que viajar de novo. A mulher acha que falta em tudo. Parece que ou eu tinha as necessidades das crianças atendidas ou as minhas. A impressão é de que não ia ficar todo mundo feliz", reflete.

Ela acredita que invocar o instinto materno como algo inerente a todas as mulheres seja algo perigoso, justamente porque ele não nasce ao mesmo tempo para todas. "Quando comecei a falar sobre esse lado B da maternidade as pessoas não entendiam."

Evento
Em seus encontros, Carolinie costuma fazer atividades voltadas às mulheres e outras voltadas à educação dos filhos. Com o auxílio de um tambor xamânico, ela propõe uma escuta, em busca de suas vozes internas durante a roda para mulheres. "O tambor é uma forma de comunicação, tem a ver com os batimentos cardíacos. Sempre tive dificuldades para meditar e recebo muitas mulheres que estão nessa busca por se escutar. O tambor é uma forma de abaixar a frequência mental, de escutar, não tem a ver com religião", explica.

Já no quesito educação infantil, ela fala sobre a Comunicação não Violenta e a Disciplina Positiva. "A comunicação não violenta trata de perceber quais as necessidades de cada um, de expressar suas necessidades e validar o sentimento do outro, abrindo assim espaço para o que ele quer dizer. Meu objetivo é quebrar padrões, de ameaças físicas e psicológicas, barganhas, por isso a disciplina positiva. Fui educada assim e não gostava, então fui buscar outras formas de educar."

Ela conta que mesmo com tanto conhecimento, educar os filhos é sempre um desafio. "Com a Bruna Luz eu gritava e colocava de castigo, parecida que estava no controle da situação. Já com o Theo eu sei um monte de ferramentas, o desafio é saber usar", destaca.